sábado, 29 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo... e como se despedir das infelicidades do velho? - (Bel Cesar)


"Quem não deseja um Feliz Ano Novo? Todos nós, com certeza. No entanto, sabemos que para o novo nascer é preciso que o velho morra. Todo fruto precisa deixar de ser flor para nascer. Portanto, para comemorar o final de ano com um propósito claro, temos que nos perguntar: "O que é preciso morrer ainda neste ano para o próximo ano nascer com força e luz?" Uma resposta é certa: nossas mágoas.

Os momentos de passagem em nossa vida revelam onde estamos, de onde viemos e para onde vamos. Buddha dizia, "Se você quiser conhecer o seu passado, olhe seu corpo no presente. Se você quiser saber sobre o seu futuro, olhe sua mente no presente".

O futuro é menos assustador quando sentimos segurança no presente. Por isso, vale a pena purificar ainda este ano as mágoas que não queremos carregar no ano que vem. Se estivermos sofrendo, podemos fazer de nosso sofrimento um instrumento para o autoconhecimento. Não precisamos ser vítimas de nossa própria dor.

Nossas mágoas revelam o quanto estamos estanques por limitações internas e externas. Carregar mágoas nos faz sentir cansados e sem vontade de iniciar novos projetos. Ficar presos a elas consome nossa energia vital.

O budismo nos ensina a purificar nossas mágoas como uma forma de nos reconectarmos à vida. A firme decisão de nos desapegarmos de nossas mágoas é em si uma ação libertadora e regeneradora.

A mágoa é um sentimento que espera por reconhecimento para ser dissolvido. Apesar de resistirmos em sentir a dor-raiz de nossas mágoas, é ao senti-la que ela se dissolve.

Quando temos um encontro autêntico com nossa alma, somos postos frente a frente com o sentido do que é verdadeiro para nós. Não podemos mais nos enganar. No mesmo instante em que sentimos a pressão de nossas limitações, podemos nos determinar em libertarmo-nos dela.

Quando nos damos conta de nossas limitações, iniciamos o processo de purificá-las. Portanto, o problema não está no fato de sentirmo-nos limitados, mas na negação de nossas limitações, isto é, de não sermos sinceros conosco mesmos.

A insinceridade nos paralisa e adia nosso processo evolutivo. Só quando aceitamos nossas limitações e mágoas é que deixamos de buscar soluções falsas para lidar com elas. Soluções falsas são como atribuir superficialidade ao que merece atenção e profundidade; ou mostrar-se submisso a uma determinada situação, atribuindo ao outro a responsabilidade do sucesso de nossa vida emocional, material e espiritual.

A verdadeira solução, portanto, consiste em mantermo-nos disponíveis para sentir a dor ao mesmo tempo em que decidimos nos separar dela. Curar feridas antigas torna-nos automaticamente mais vivos!

Meditação para Curar Mágoas

Em silêncio, traga de volta para sua casa interior todas as energias de sua mente e corpo. Descanse no espaço interno do seu ser por alguns minutos.

Em seguida, com todo seu coração, invoque à sua frente o Ser sagrado com o qual você sabe que pode contar ou uma forte luz da cor que você, neste momento, sabe que tem a cura de que necessita.

Considere que este Ser ou esta luz não são apenas o resultado da sua imaginação, mas sim a verdadeira expressão de sua conexão com a fonte curadora.

Reconheça com sinceridade suas mágoas e abra-se para receber a cura: visualize raios de luz saindo do Ser Sagrado e desta fonte de luz e penetrando no topo de sua cabeça. Rapidamente, preenchem seu corpo de luz, purificando instantaneamente suas mágoas. Veja-se totalmente preenchido de luz.

Aos poucos, seu corpo de luz diminui até se transformar num ponto luminoso que se dissolve na intensa luz do Ser sagrado à sua frente.

Traga essa luz sagrada para o centro de seu coração. Sinta sua consciência novamente centrada em seu corpo. Determine-se a cultivar esse estado mental, simples e natural, mesmo depois de abrir os olhos.

Para finalizar, agradeça a fonte curadora, a purificação recebida e compartilhe essa energia curativa com todos aqueles que estejam precisando dela."


* Bel Cesar - é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. 
Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer e recentemente O sutil desequilíbrio do estresse, todos pela editora Gaia.
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=02441                                                    

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