quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sétimo Céu - (Barbara Kaplan Herring)


"Em nosso corpo existem sete chakras, ou centros de energia, que ficam bloqueados devido a tensões constantes ou a uma baixa autoestima. Ao praticar posturas que correspondem a cada chakra, podemos aliviar estes bloqueios e abrir caminho para uma maior consciência.


O sistema de chakras proporciona uma base teórica para adequar a nossa prática de Yoga à nossa personalidade e às circunstâncias. Tradicionalmente, os indianos viam o corpo como se contivesse sete chakras principais, ordenados verticalmente desde a base da espinha até o topo da cabeça. Em sânscrito, chakra é uma palavra que significa roda, e estas “rodas” foram representadas como vórtices giratórios de energia.

Cada chakra está associado a funções específicas do corpo e a questões específicas da vida e à forma como lidamos com elas, tanto dentro de nós mesmos como em nossas interações com o mundo. Os chakras são centros de força e podem ser considerados os locais onde recebemos, absorvemos e distribuímos as energias da vida. Através de situações externas e hábitos internos, como tensão física contínua e uma autoimagem limitada, a energia do chakra pode se tornar tanto insuficiente quanto excessiva e, portanto, desequilibrada.

Este desequilíbrio pode se desenvolver temporariamente devido a desafios situacionais ou podem ser crônicos. Um desequilíbrio crônico pode se originar de experiências vividas na infância, estresses ou sofrimentos passados, além de valores culturais internalizados. Por exemplo, uma criança cuja família se muda frequentemente de cidade pode ter dificuldades para aprender o que é se sentir enraizado em um local, e pode crescer com um primeiro chakra deficiente.

Um chakra deficiente não recebe a energia adequada e nem revela facilmente a sua energia para o mundo. Há uma sensação de estar física e emocionalmente fechado na região de um chakra deficiente. Pense nos ombros caídos de alguém que está se sentindo deprimido e sozinho, com o chakra do coração retraído no peito. O chakra deficiente precisa ser aberto.

Quando a energia de um chakra é excessiva, ele fica sobrecarregado para funcionar de forma saudável e se torna uma força dominante na vida da pessoa. Por exemplo, alguém com excesso de energia no quinto chakra (garganta) pode falar demais e ter dificuldade de escutar os outros. Se este mesmo chakra for deficiente, a pessoa pode ter constrangimento e dificuldade de comunicação.



Muladhara Chakra (Raiz)
Minha aluna Anne me ligou recentemente para agendar uma sessão particular de Yoga. Por causa do trabalho de seu marido, alguns meses antes ela havia se mudado do estado da Geórgia para a região metropolitana de São Francisco. Apesar de ter gostado da mudança, ela ainda não estava se familiarizando com a casa nova e tinha dificuldades em encontrar um emprego como designer gráfica. Além de sentir saudades da família, tinha medo de não encontrar trabalho, o que a deixava cansada e com receio de pegar um resfriado.

Se a Anne tivesse procurado um consultor de carreiras, um psicoterapeuta e um médico, cada um de seus problemas teria sido tratado em separado – e assim ela teria certamente conseguido resolvê-los de forma bem sucedida. Porém, como há anos tenho visto a vida através das lentes do sistema de chakras, uma forma de entender a vida humana que combina Yoga e medicina tradicional indiana, eu conseguia ver uma consonância nos problemas da minha aluna. E, o que é mais importante, eu estava certa de que tinha condições de sugerir a ela posturas de Yoga e outras práticas que a ajudariam a enfrentar cada um de seus desafios.

Os sintomas da Anne me pareciam uma deficiência no primeiro chakra. Isso não era uma surpresa, pois as mudanças recentes na vida dela representavam clássicos desafios ao primeiro chakra. O Muladhara Chakra (Chakra Raiz) está centralizado no períneo e na base da espinha. Este vórtice de energia está relacionado ao cuidado com nossas necessidades de sobrevivência, à afirmação de uma sensação saudável de ligação à terra, de proporcionar cuidados básicos ao corpo e limpar as suas impurezas. Entre as partes do corpo que se associam a ele estão a base da espinha, as pernas, os pés e o intestino grosso.

As circunstâncias que arrancam as nossas raízes e causam uma deficiência no primeiro chakra (o que aconteceu com a Anne) incluem viagens, mudanças, apreensão, grandes alterações no corpo, na família, nas finanças e nos negócios. Algumas pessoas, principalmente aquelas com mentes inquietas e imaginação ativa, não precisam de desafios específicos para tornar este chakra deficiente; elas se sentem “desaterradas” a maior parte do tempo, vivendo mais na mente do que no corpo.

Experimentamos deficiências neste chakra como “crises de sobrevivência”. Sejam elas brandas ou severas – ao sofrer uma ação de despejo, falência ou apenas uma gripe – estas crises normalmente exigem uma grande ação imediata. Por outro lado, sinais de excesso no primeiro chakra se refletem em ganância, acumulação de posses ou dinheiro, ou a tentativa de se “aterrar” através do ganho de sobrepeso.

Várias posturas de Yoga corrigem desequilíbrios no primeiro chakra, trazendo-nos de volta ao nosso corpo e à terra, ajudando a nos sentirmos seguros, protegidos e tranquilos. O Muladhara Chakra representa o “aterramento” físico e emocional, está associado ao elemento terra e à cor vermelha, que tem uma vibração mais lenta do que as cores que simbolizam os outros chakras.

Para ajudá-la a se “aterrar”, Anne e eu começamos a prática com foco nos pés. Todas as posturas que alongam e fortalecem as pernas e os pés a favorecem o primeiro chakra. Ela fez movimentos com um pé e depois com o outro sobre uma bolinha de tênis, para que a pressão despertasse as solas (um mini-tratamento de acupuntura) e abrisse as “portas” dos pés.

Para estimular os dedões e encorajá-los a se abrir para as posturas em pé, ela se sentou com as pernas cruzadas e entrelaçou os dedos das mãos entre os dedos dos pés, desde a sola até o topo dos pés. Depois, ela se ajoelhou sobre os pés por alguns instantes. Após estes aquecimentos, fizemos uma hora de aberturas de panturrilha, alongamentos dos tendões e posturas em pé, para ajudá-la a abrir, fortalecer e fixar sua atenção para a parte inferior do corpo.

Quando nossos tendões estão enrijecidos, a contração cria uma sensação de que estamos sempre preparados para sair correndo. Conforme alongava a parte posterior das pernas fazendo Uttanásana (postura do alongamento intenso) e Janu Sirsásana (postura da cabeça no joelho), a Anne sentia alguns dos benefícios do primeiro chakra: tranquilidade, paciência, uma vontade de desacelerar e ficar quieta. Conforme ia fortalecendo os quadríceps e abrindo os tendões, conseguia recuperar a autoconfiança e o engajamento necessário às próximas etapas que encontraria em sua jornada. Os seus medos diminuíam à medida que se permitia confiar na terra e em seu próprio corpo.

Anne e eu terminamos nossa sessão com uma série de posturas restaurativas, como Supta Baddha Konásana (postura reclinada em ângulo fechado), Salamba Savásana (postura do cadáver com apoio) e Salamba Balásana (postura da criança com apoio). Todas elas ajudam a assentar uma mente hiperativa e encorajam a nos rendermos à ação da gravidade. Ao final da nossa sessão, ela não estava mais angustiada. Sentindo o próprio corpo como se fosse a sua casa, ela estava mais bem preparada para os desafios que tinha que enfrentar.



Svadisthana Chakra (Quadril, Sacro, Genitais)
Em sânscrito, o segundo chakra é chamado de Svadisthana, que é traduzido como “o seu próprio lugar ou base”, o que indica o quanto este chakra é fundamental para as nossas vidas. Um aluno que esteja com problemas relacionados ao segundo chakra pode estar enfrentando preocupações bem diferentes das de Anne. O trabalho com o primeiro chakra destinava-se a colocar as coisas em ordem. As atividades voltadas ao segundo chakra devem permitir que haja movimento emocional e sensual em nossas vidas, para que possamos nos abrir ao prazer e aprender a “seguir o fluxo normal das coisas”.

Associado aos quadris, o sacro, a coluna lombar, os genitais, o ventre, a bexiga e os rins, este chakra está relacionado à sensualidade, sexualidade, emoções, intimidade e desejo. Todos os nossos fluxos corporais têm a ver com este chakra: circulação, urinação, menstruação, orgasmo, lágrimas. A água flui, se movimenta e se transforma; um segundo chakra saudável deve nos permitir fazer o mesmo.

Tentar influenciar o mundo externo não faz parte das atribuições do segundo chakra. Em vez de exigir que o nosso corpo ou um relacionamento seja diferente, o segundo chakra nos motiva a experimentar os sentimentos que surgem conforme nos abrimos para a vida como ela é. Conforme nos permitimos aceitar isso, saboreamos a doçura (ou amargura) da vida. Quando diminuímos nossa resistência à vida, nosso quadril se solta, nossos órgãos reprodutores se tornam menos tensos, e nos tornamos abertos a vivenciar nossa sensualidade e sexualidade.

Junto com o segundo chakra na pelve, os outros chakras de número par (o quarto, do coração, e o sexto, do terceiro olho) são relacionados às qualidades “femininas” de remissão e sinceridade. Estes chakras exercitam o nosso direito de sentir, amar e ver. Os chakras de número ímpar, encontrados nas pernas e pés, no plexo solar, na garganta e na coroa da cabeça, estão relacionados ao esforço “masculino” de empregar a nossa vontade no mundo, reivindicando nossos direitos a ter, indagar, falar e saber. Os chakras masculinos, de número ímpar, tendem a mover a energia através de nossos sistemas, empurrando-a para fora no mundo, criando receptividade e calor. Os chakras femininos, de número par, esfriam e atraem a energia para dentro.

No mundo moderno, o princípio masculino e feminino da vida está desequilibrado. A energia masculina da ação e expressão frequentemente domina a energia feminina da sabedoria e aceitação, causando um aumento do estresse em nossas vidas. Por isso, muitas pessoas estão assumindo uma ética de trabalho que ridiculariza o prazer e proporciona pouco tempo ao lazer e ao descanso. Após ter trabalhado o segundo chakra em um workshop, uma aluna me contou como era difícil se permitir ter prazer em sua vida, pois era viciada em trabalho.

Criamos um plano para que ela pudesse se permitir 20 minutos diários dedicados ao poder curativo do prazer: ouvir música, fazer posturas suaves de Yoga, receber uma massagem. Nossas vidas nos dão inúmeras oportunidades para nos expressarmos e sermos ativos; precisamos ter certeza de complementar essas ações com relaxamento e receptividade, tanto em nossa prática de Yoga quanto fora dela. Harmonia exige equilíbrio. Em Yoga, isso significa criar uma prática que combine força e flexibilidade, esforço e entrega. Qualquer desequilíbrio em sua prática de Yoga será refletido nos seus chakras.

Em uma cultura tão confusa quanto a nossa a respeito de sexualidade, prazer e expressão emocional, uma infinidade de caminhos nos levam a ter um segundo chakra desequilibrado. Por exemplo, pessoas que foram educadas em um ambiente onde as emoções eram reprimidas ou onde o prazer era negado terão maior propensão a ter falta de energia no segundo chakra. Os sintomas de deficiência no segundo chakra incluem o medo do prazer, distanciamento de seus próprios sentimentos e resistência a mudanças.

Problemas sexuais e incômodos na coluna lombar, nos quadris e nos órgãos reprodutores também pode ser sinal de que este chakra precisa de um pouquinho de atenção. Abuso sexual sofrido durante a infância pode levar a sentir este chakra fechado ou fazer com que a energia sexual se torne a parte dominante da personalidade. Um segundo chakra sobrecarregado pode fazer uma pessoa ter um comportamento excessivamente emocional, ter desejo compulsivo por sexo ou ter problemas com limites. O excesso também pode ser o resultado de um ambiente familiar onde havia constante necessidade de estímulo sensorial (festas e divertimento) ou dramas emocionais frequentes.

Os ásanas para o segundo chakra nos auxiliam na adaptabilidade e receptividade. A posição da perna em Gomukhásana (postura da cara de vaca), a flexão para frente com as pernas no primeiro estágio de Eka Pada Rajakapotásana (postura do pombo), Baddha Konásana (postura reclinada em ângulo fechado), Upavistha Konásana (postura do ângulo afastado), e todas as outras aberturas de quadris e virilhas proporcionam liberdade de movimentos na pelve. Estas aberturas de quadris e virilhas nunca devem ser forçadas, pois exigem a força sutil e feminina de sensibilidade e entrega.



Manipura Chakra (Umbigo, Plexo Solar)
Localizado na área do plexo solar, do umbigo e do sistema digestivo, o ardente terceiro chakra é chamado de Manipura, a “joia reluzente”. Associado à cor amarela, este chakra está relacionado à autoestima, à energia combativa e ao poder de transformação; ele também rege a digestão e o metabolismo. Um terceiro chakra saudável e vivaz nos ajuda a dominar a inércia, a dar impulso à nossa atitude de ação para que possamos correr riscos, afirmar nossa vontade e assumir a responsabilidade pela nossa própria vida. Também é deste chakra que sai aquela gargalhada que vem do fundo da barriga, a receptividade, a naturalidade e a vitalidade que ganhamos ao praticar atitudes abnegadas.

Correr riscos de forma consciente é uma forma de ganhar confiança e tornar os seus músculos de força do terceiro chakra mais flexíveis. Para algumas pessoas, é um risco mudar de Tadásana (postura da montanha) para Urdhva Dhanurásana (postura do arco elevado); para outros, ir à primeira aula de Yoga já representa um risco. Os riscos podem envolver a confrontação, o estabelecimento de limites, ou até mesmo pedir aquilo que desejamos – todos são formas de reivindicar o nosso poder.

Problemas digestivos, desordens alimentares, sentir-se vítima, ou ter uma baixa autoestima podem ser indícios de um terceiro chakra deficiente. Quando você sente que está incapacitado ou precisando de uma reenergização, as posturas do terceiro chakra avivam as chamas do seu fogo interno e restauram a sua vitalidade, para que você possa se movimentar com a energia do seu âmago. Pratique Suryanamaskar (saudação ao sol), posturas fortalecedoras do abdômen, como Navásana (postura do barco), Ardha Navásana (meia postura do barco) e Urdhva Prasarita Padásana (postura dos pés para cima), posturas do guerreiro, torções e Bhastrika Pranayama (respiração do fole ou respiração do fogo).

Perfeccionismo, raiva, ódio e ênfase excessiva em poder, status e reconhecimento revelam um excesso no terceiro chakra. Além disso, aceitar mais do que você pode assimilar ou usar também indica excesso. Retroflexões passivas e restaurativas, que esfriam o fogo interno, são agentes sedativos para um excesso no terceiro chakra.

Vivemos em uma época em que somos pouco estimulados a prestar atenção nos níveis naturais de energia do nosso corpo e a dar a ele o que precisa. Assim, normalmente quando estamos muito cansados, ignoramos nossa necessidade de descanso e manipulamos o nosso corpo com cafeína, açúcar e outros estimulantes, criando uma falsa sensação de energia. Quando estamos superestimulados e queremos relaxar ou nos retirarmos para dentro de nós mesmos, alguns se voltam para o excesso de alimentos, álcool ou drogas para desacelerar. O Yoga nos oferece uma opção diferente: escutar o que o nosso corpo está pedindo e nos alimentarmos de verdade, utilizando os ásanas e pranaiamas certos para proporcionar mais energia ou relaxamento. Quando fizermos isso, poderemos sentir o sabor de nosso verdadeiro poder pessoal.


Anahata Chakra (Coração)
O quarto chakra, o chakra do coração, está localizado no centro do sistema de chakras, no âmago do nosso espírito. Sua localização física é o coração, a parte superior do peito e a parte superior das costas. O quarto chakra é o ponto de equilíbrio, que integra o mundo material (os três chakras inferiores) com o mundo espiritual (os três chakras superiores). Através do chakra do coração, nos abrimos e nos conectamos com harmonia e paz. A saúde do nosso centro coronário registra a qualidade e o poder do amor em nossas vidas. Em sânscrito, o chakra do coração é chamado de Anahata, que significa “desbloqueado” ou “íntegro”. O seu nome sugere que, lá no fundo do nosso histórico pessoal de tristeza e dor, nosso coração abriga integridade, amor infinito e uma fonte infinita de compaixão.

O elemento deste chakra é o ar. O ar se espalha e energiza. Assim como a água, o ar assume a forma daquilo que preenche, apesar de ser menos sujeito à gravidade do que a água. Quando você se sente arrebatado de paixão, geralmente precisa replantar o seu primeiro chakra para se manter “aterrado”. O ar permeia a respiração e, por isso, a prática de pranaiamas ajuda a equilibrar e a harmonizar este chakra. Todas as formas de pranaiama podem ajudá-lo a usar melhor o ar e o prana e, assim, aumentar a sua vitalidade e o entusiasmo pela vida.

Se você perceber que a sua postura projeta a sua cabeça para frente, com os ombros arredondados e o seu peito caído, está na hora de começar a praticar posturas para o quarto chakra e dar espaço para o seu coração respirar. Quando nos guiamos com a cabeça e não com o coração, podemos estar muito focados nos pensamentos e temos tendência a nos distanciar de nossas emoções e do nosso corpo. Quando o chakra do coração está deficiente, você pode sentir vergonha e solidão, incapacidade de perdoar ou falta de empatia. Os sintomas físicos podem incluir respiração superficial, asma e outras doenças pulmonares.

Entre os ásanas que aliviam o chakra do coração estão as aberturas passivas do peito, nas quais arqueamos suavemente sobre um cobertor ou almofadão, alongamentos de ombros, tais como as posturas de braços Gomukhásana e Garudásana (postura da águia), além das retroflexões. Como é um chakra feminino e de número par, o centro coronário deseja naturalmente se soltar e relaxar.

As retroflexões ajudam a desenvolver a confiança e a entrega de que precisamos para abrir totalmente o coração. Quando nos sentimos apreensivos, não há espaço para o amor, e os nossos corpos ficam contraídos. Quando optamos pelo amor, os medos se dissolvem e a nossa prática adquire uma qualidade de alegria. Em várias retroflexões o coração fica em uma posição mais alta do que a cabeça. É maravilhosamente restaurador deixar a mente sair da posição superior e sermos guiados pelo coração.

Alguns sinais de que o chakra coronário está oprimindo a sua vida são a codependência, possessividade, ciúmes, doenças coronárias e pressão alta. Para estes sintomas, as flexões à frente são o melhor antídoto, pois são “aterradoras” e promovem a introspecção. Enquanto que as pessoas que têm chakras coronários deficientes precisam se abrir para receber o amor de forma mais integral, aqueles que têm um excesso no chakra coronário se sentem aliviados ao desacelerar e descobrir dentro de si mesmos o alimento que estavam buscando nos outros.

A forma mais poderosa para abrir, energizar e equilibrar não apenas o chakra do coração, mas todos os nossos chakras, é amar a nós mesmos e aos outros. Amar é a melhor forma de curar. Em nossa prática de hatha yoga, quando lembramos daquilo que amamos e estimamos enquanto praticamos os ásanas para o quarto chakra, fortalecemos o poder das posturas e do nosso bem-estar em geral.



Visuddha Chakra (Garganta)
Como vimos, o chakra do coração forma uma ponte entre os centros de energia mais físicos e inferiores e aqueles mais metafísicos e superiores. Conforme ascendemos pelos chakras, o quinto é o primeiro a estar focado principalmente no plano espiritual. O chakra da garganta, chamado Visuddha, está associado à cor azul-turquesa e aos elementossom e éter, o campo das vibrações sutis, que os antigos indianos acreditavam permear o universo.

Localizado no pescoço, na garganta, na mandíbula e na boca, o chakra Visuddha repercute com nossa verdade interior e nos ajuda a encontrar uma forma pessoal de propagar a nossa voz ao mundo exterior. O ritmo na música, a habilidade da dança, a vibração do canto e a comunicação que fazemos através da escrita e da fala são formas de nos expressarmos através do quinto chakra.

Visuddha significa “puro” ou “purificação” Purificação do corpo através da atenção à aquilo que comemos, Yoga, meditação e exercícios nos faz desabrochar para a experiência de aspectos mais sutis dos chakras superiores. Alguns iogues percebem que quando bem mais água e abandonam produtos como tabaco e laticínios, conseguem soltar o pescoço e os ombros e limpar a voz. Além disso, o próprio som é purificador. Se você pensar na forma como se sente depois de entoar canções devocionais indianas, ler poesia em voz alta, ou simplesmente cantarolar a sua música favorita, vai perceber como as vibrações e ritmos afetam o seu corpo de forma positiva até o nível celular.

Energia deficiente neste chakra causa rigidez no pescoço, tensão nos ombros, briquismo, problemas nos maxilares, indisposições na garganta, tireóide hipoativa e medo de falar. Falar demais, incapacidade de escutar, problemas de audição, gagueira e uma tireóide hiperativa estão relacionadas a excessos neste chakra.

Dependendo da indisposição, alguns alongamentos do pescoço e aberturas de ombros, como Ustrásana (postura do camelo), Setu Bandha Sarvangásana (postura da ponte), Salamba Sarvangásana (postura invertida sobre os ombros) e Halásana (postura do arado), podem ajudar o quinto chakra.



Ajña Chakra (Terceiro Olho)
Você consegue se lembrar do que sonhou na noite passada? Pode imaginar como gostaria que o seu corpo se sentisse amanhã? Estas habilidades imaginativas – visualizar o passado, criar imagens positivas do futuro e “sonhar com os olhos abertos” – são aspectos do Ajña Chakra, cujo nome em sânscrito significa tanto “o centro da percepção” como “o centro de comando”. Associado ao elemento luz e à cor azul-índigo, o sexto chakra está localizado no meio e logo acima dos olhos físicos, criando um terceiro olho espiritual. Enquanto nossos dois olhos veem o mundo material, o nosso sexto chakra vê além do físico. A visão inclui a clarividência, telepatia, intuição, os sonhos, a imaginação e a visualização.

O sexto chakra está envolvido tanto na criação e percepção da arte quanto no reconhecimento de que aquilo que vemos tem um poder de impacto sobre nós. Mesmo quando não nos damos conta disso, somos todos sensíveis a imagens que encontramos em nosso meio. Lembro-me ter sido uma adolescente que cresceu na cidade de Los Angeles em meio a uma profusão de outdoors de cigarros e bebidas alcoólicas.

Olhar para eles não me fazia sentir saudável ou feliz; pelo contrário, eles me passavam a mensagem de que eu precisava de drogas para me sentir um ser completo. Logo depois fui para a Tailândia, para fazer um intercâmbio como estudante de ensino médio. Em vez de outdoors, vi estátuas de Buda nas ruas; aquelas imagens serenamente majestosas despertaram a minha união com a paz interior.

Quando o terceiro olho está excessivamente carregado de energia, temos dor de cabeça, alucinações, pesadelos e dificuldade de concentração. Quando este chakra está deficiente, nossa memória fica fraca, temos problemas de visão, dificuldade em reconhecer padrões e nossa imaginação fica prejudicada.

Às vezes gosto de trabalhar este chakra em minhas práticas de Yoga, pedindo que os alunos façam uma aula inteira com os olhos vendados. Ao serem temporariamente privados da visão, que é responsável por um grande percentual da nossa absorção sensorial, os alunos têm uma experiência totalmente nova com o Yoga. Eles não se distraem com a sala e os outros alunos, ou olhando de forma crítica para os seus próprios corpos. Em vez disso, eles vivenciam o pratiaara, ou retração da atividade sensorial.

Após uma aula como essa, os alunos comentaram comigo que tiveram profundos insights sobre seus corpos e suas vidas, que só lhes ocorreram porque sua visão estava mais profundamente direcionada para dentro de si mesmos. Outra abordagem ióguica para ajudar na saúde do Ajña Chakra consiste em fazer flexões à frente com suportes, colocando mais um almofadão ou cobertor para pressionar e estimular a área do terceiro olho. Além disso, criar imagens e visualizações positivas é uma prática que ajuda a ter um sexto chakra mais saudável. Estas visões afirmativas agem como ímãs naturais, direcionando a situação imaginada para a sua vida.



Sahasrara Chakra (Coroa)
O nome em sânscrito para o sexto chakra é Sahasrara, que significa “milhares”. Apesar de este chakra ser representado por uma flor-de-lótus com centenas de pétalas (símbolo de pureza e espiritualidade), o número 1.000 não tem um significado literal; na verdade, ele representa a natureza infinita deste chakra, que nos proporciona a mais direta conexão com o Divino. Apesar dos professores associarem este chakra à cor violeta, ele é normalmente associado ao branco, uma combinação de todas as cores, pois este chakra sintetiza todos os outros.

O sétimo chakra está localizado na coroa da cabeça e funciona como uma coroa para o sistema de chakras, simbolizando o mais elevado estado de iluminação e facilitando o desenvolvimento espiritual. O sétimo chakra também é como um halo sobre a cabeça. Artisticamente, Cristo é frequentemente representado com uma luz dourada ao redor de sua cabeça, e o Buda aparece com uma projeção sobre sua cabeça vinda de cima. Em ambos os casos, estas imagens representam a espiritualidade despertada do Sahasrara Chakra.

O elemento do sétimo chakra é o pensamento, e este chakra está associado às mais altas funções da mente. Apesar de que a mente não pode ser vista ou sentida de forma concreta, ela cria os sistemas de crenças que controlam nossos pensamentos e ações. Para dar um exemplo simples, o meu aluno George teve uma queda feia de um beliche quando era criança. Agora, com 40 anos e um porte atlético, ele ainda tem medo de fazer posturas invertidas. Seu antigo trauma ajudou a criar a crença de que ficar de cabeça para baixo era sempre perigoso. Apesar de que agora ele tem a capacidade para aprender de forma fácil e segura a fazer inversões, o medo faz com que ele fique paralisado e a sua crença se torna uma profecia que se cumpre por si mesma. Assim criamos as nossas vidas, a partir dos pensamentos que temos.

Um excesso neste chakra se manifesta através de uma intelectualidade excessiva ou o fato de considerar a si próprio como membro de uma elite intelectual ou espiritual. No caso de energia deficitária, há uma dificuldade em pensar por si próprio, apatia, ceticismo espiritual e materialismo.

A meditação é a melhor prática ióguica para trazer equilíbrio a este chakra. Assim como o nosso corpo precisa de banhos regulares, uma mente muito ocupada com pensamentos e preocupações também precisa de limpeza. Qual o objetivo de se lidar com os problemas de hoje com a mente confusa de ontem?

Além disso, a energia deste chakra nos ajuda a vivenciar o Divino, a nos abrirmos para um poder mais profundo. Todas as várias formas de meditação, incluindo tanto a concentração quanto as práticas de autoconhecimento, permitem que a mente se torne mais presente, clara e capaz de compreender.

Os antigos hindus associavam os chakras à deusa da serpente adormecida, chamada Kundalini. Ela fica enrolada na base do primeiro chakra e, quando despertada, flui para cima através dos canais de energia (nadis) e penetra em cada chakra, proporcionando estados superiores de consciência de forma sucessiva, que culminam com a iluminação no chakra da coroa.

Ao almejar a transcendência, muitas pessoas que buscam estados de consciência superiores negligenciam a importância dos chakras inferiores. Entretanto, todos nós precisamos do suporte sólido e forte dos chakras básicos para nos abrirmos para a espiritualidade de forma saudável e integrada.

Os chakras inferiores contemplam detalhes como nossa casa, família e sentimentos, enquanto que os chakras superiores desenvolvem visões sintetizadas e sabedoria, que nos ajudam a compreender a grande ordem de todas as coisas. Todos os nossos chakras influenciam uns aos outros e, no final das contas, eles trabalham em conjunto.

Conforme aprendemos a usar este antigo sistema indiano para entender as nossas vidas, podemos aumentar nossa compreensão sobre questões pessoais que exigem nossa atenção – e podemos utilizar as técnicas de hatha yoga para devolver a harmonia aos nossos chakras e às nossas vidas."



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Barbara Kaplan Herring é professora de Yoga na cidade de El Cerrito, Califórnia.
Tradução de Estela M. F. Carvalho.

Fonte: http://www.yoga.pro.br/artigos/1009/3021/setimo-ceu

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