quarta-feira, 20 de maio de 2009

O que é este “eu”? - (Mooji - satsang)


"Q – A felicidade vem e vai.
Mooji – A felicidade pessoal vai e vem. A pessoa vai e vem, o sentido de ser uma
pessoa vai e vem. E por isso qualquer coisa a que a pessoa se agarre também vai e vem.
Porque a pessoa não é uma coisa estável. A pessoa, em si mesma, é uma idéia. Ao dizer
isso, eu não sei quão profundo isso entra em vocês. É por este motivo que eu não confio em
ensinamentos. E eu não confio também em aprender. Mas experiência, mas o que você
descobre porque você experimenta, isso é algo. Você diz que a felicidade vai e vem. E toda
e qualquer outra emoção e sensação vai e vem. Existe qualquer emoção que venha e fique?
Existe qualquer coisa na tua vida inteira que veio e ficou? Tudo vem e vai.
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A história do homem que queria se livrar da sua sombra
Há uma interessante história de um homem que queria se livrar de sua sombra.
A sombra lhe perturbava.
Então um dia ele teve uma idéia.
Ele foi a um funeral e viu que eles fizeram um buraco bem grande, colocaram o corpo e
cobriram. Ele teve a idéia de que ele poderia enterrar a própria sombra.
Então, cava um buraco profundo e grande, e ele ficou lá parado, com o sol atrás dele até
que a sombra estava dentro do buraco.
E ele começou a botar terra em cima rapidamente.
Mas sempre a sombra estava em cima.
Você está tentando matar a mente.
E a mente fica cada vez mais forte através de sua tentativa de matá-la.
Abandone esta tarefa. Deixe a mente ser.
Permaneça enquanto testemunha da mente.
Você não pode matar aquilo que não existe.
Você pode apenas despertar para a Verdade.
Você é a testemunha da mente.
Localize-se.
Descubra o que você pode ser. Você pode ser encontrado?
Você, que testemunha todo o resto, você pode ser encontrado?
Eu vou lhe dar um exemplo.
É como uma faca. Uma faca pode cortar muitas coisas, mas não pode cortar a si mesma.
Porque é uma única unidade.
Ou seus olhos, que podem ver muitos objetos, mas não podem ver a si mesmos diretamente.
Ou uma balança que pode pesar tantas coisas, mas não pode pesar a si mesma. Porque é
uma unidade.
Você também é um.
Você não pode ver a si mesmo.
Você pode ver a partir de si mesmo, mas o Self, você não pode ver.
Tudo o que você pode perceber são os efeitos, o vapor do oceano.
E esse vapor são os conceitos que surgem a partir do Self.
Você pode perceber a idéia que tem de si mesmo, mas não pode perceber a si mesmo. Não
de uma maneira fenomenal.
Você se conhece intuitivamente, além da dualidade.
Da mesma forma como se você se tornasse consciente e não tivesse nada para ver.
Nada com que se relacionar.
Você ainda teria o sentimento Eu Sou.
Você não precisa de mais nada para você dizer que você é.
Então, se sua mente está pulando, não tente suprimi-la ou controlá-la.
Você pode controlar a mente? Sim.
Mas por períodos curtos de tempo. Quando você pára o exercício, a mente volta novamente.
Então, não desperdice toda sua energia tentando parar a mente.
Permaneça como o observador das atividades mentais.
Contemple essa energia, ou este principio que observa.
Até que o observador incuba no observar.
Significando que ele fica apenas sobre si mesmo.
E neste momento a mente desaparece,
não tem mais poder.
Se você perder o interesse, ou ver que a mente é ilusória e perder o interesse na mente, no
final você não vê mais a mente.
Ela não deixará mais nenhuma pegada em você.
O que isso significa?
Recentemente, fizeram uma pergunta bastante profunda na Índia:
‘ Bhagavan Sri Ramana Maharshi disse uma coisa: ele disse “Quando o Self é visto, o
mundo não é visto, e quando o mundo é visto, o Self não é visto”.’
Ela disse: ‘Se eu vir o Self, o eu real, o mundo desaparecerá, e eu me sinto com medo. Mas
é isso que o Bhagavan disse. Você pode explicar?’
Eu disse ok, vou tentar lhe dizer o que é.
Quando não há interesse ou apego naquilo que você percebe,
o objeto enquanto objeto de percepção ainda continua.
Mas quando você não criou nenhuma relação com ele,
ou criou qualquer tipo de sentimento em relação a ele,
ele continua a ser um objeto da percepção, mas não registra nenhuma marca na consciência.
Então, a pessoa vê, percebe, mas não faz um registro na consciência, é pura percepção.
Então, é isso que ele quis dizer.
Quando o Self é realizado, as coisas não são vistas na consciência.
As experiências estão lá, espontaneamente.
Mas sem nenhum apego.
Então a experiência é pura.
A alegria está presente.
A tristeza pode acontecer também, mas não deixa nenhuma marca na consciência.
Elas são como as ondas na superfície do oceano.
A experiência, o experienciar é sempre novo.
É como escrever na água.
Você não pode ler três segundos depois.
Acabou.
Quando sua percepção é fresca, é nova assim,
e isso é completamente possível, da maneira como estou apontando a vocês,
reconheça a testemunha.
Mas como você pode reconhecer a testemunha se ela não possui nenhuma característica?
Isso não pode ser respondido através mente.
Algo está observando todo o resto.
Isto é óbvio.
Descubra o que é esta coisa que está testemunhando todo o resto.
Deixe que a atenção pare de ir para fora
e volte para o coração.
E compartilhe o que vocês descobriram comigo.
É tudo o que vocês precisam fazer.
Se seguirem esta pergunta, podem deixar de lado todos os livros espirituais, todas as suas
práticas.
Porque, para todas as práticas, para todas as leituras, o eu deve estar lá.
O eu que pratica,
o eu que lê,
o eu que aprende.
É por isso que o eu é o mais significante.
O que é este eu?"

Trechos do Satsang que ocorreu em Ubatuba-SP, no dia 01 de março de 2008
Transcrição e tradução - Veetshish

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