quarta-feira, 18 de março de 2009

VIVA O PRESENTE - Monja Coen


Uma vez um jovem que havia mudado de emprego muitas vezes veio me visitar, e me contou seus sonhos. Ele queria ser isto e ele queria aquilo. É bom ter sonhos sobre o futuro. Você pode ir além dos seus limites e conseguir mais. Mas não é sábio esquecer que, embora uma visão do futuro seja necessária para colocar você no caminho agora, se você mantiver seus olhos focados no horizonte muito adiante, você não verá o buraco aos seus pés. E você cairá de costas sem ter para onde ir. Se os seus sonhos vão ser apenas sonhos ou se os sonhos se tornarão realidade, depende de como você está vivendo agora.

Mestre Dôgen (1200-1253) expressou iluminação com esta frase: "O desabrochar da ameixeira é a primavera". Mais tarde essas pétalas caem no chão. Se a maneira na qual vivemos nos dá a alegria da primavera também pode levar embora a alegria da primavera e trazer a dureza do inverno. Mesmo que o grande caminho da vida se abra à nossa frente, a nossa maneira de viver pode não usar as oportunidades. Por outro lado, um grande portão de aço, sem nenhum sinal de abertura, pode abrir-se de par em par devido a algum esforço que hoje fazemos.

As pessoas cujas vidas têm sido infelizes ou cheias de atos vergonhosos geralmente ficam esmagadas pelo grande peso do seu passado e é difícil para elas recomeçarem. Mas não são os erros que arruínam uma pessoa, é o constante pensar sobre eles. Seja quão maravilhosa tenha sido sua vida no passado, quando o presente não é bom, simplesmente não é bom. E também é verdadeiro que seja quão infeliz ou vergonhosa sua vida tenha sido no passado, se você está bem agora, você está bem. Se você se desanima por causa dos enganos passados, isto, na verdade, depende de sua atitude atual em relação a eles. Você tem que aceitar que o seu passado fez o que você é, mas não determina como viver o presente. Assim não existe realmente uma má experiência. É importante ser capaz de aceitar essas experiências como valiosas, digeri-las para que se tornem alimento do presente.

Se pessoas de muita idade ou doentes com pouca esperança no futuro compararem sua fragilidade presente com o vigor de sua juventude, apenas se tornariam mais frágeis, tristes. Não é sábio comparar.

De Shundo Ayoama, trecho do texto " Beleza da Transciência ", publicado na revista Dharma World da Kosei Publishing Co. em 1995

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