sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Simplesmente Isto - (Mooji)


Simplesmente Isto
Questionador: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?

Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?

Q: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.

M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?

Q: Bem, como disse antes,inicialmente o sentimento de liberdade foi forte,belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tém sido mais prolongados.

M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?

Q: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.

M: Obrigado. 'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu',nenhum 'você'. Ningúem existe, somente aquilo que É ', que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : ' Nós somos chamados por nosso próprio Ser ', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

Q: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre...

M: Não ! Pare aí mesmo. Na verdade, ' você ', o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você ? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo e os pensamentos e julgamentos subsequentes acompanhando tais sentimentos ? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum ' pano de fundo ' de inteligência impessoal ou testemunha natural ?

Q: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sente-se mais desapegado e espaçoso de alguma forma.

M: Vamos voltar à sua pergunta original ?

Q: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.

M: Ok.Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: 'Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a 'iluminação' ou o 'despertar'. Quem ou o que é que ouve isto? E quem ou o que é o 'você' na declaração ?

Q: Eu mesmo ! O que Eu sou.

M: E o que é isso ? (pausa...) Agora você está vestindo olhos pensativos ', Não pense ! Observe !

Q: Minha mente.. Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto ?

M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto ? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados ? Você pode confirmar ?

Q: Sim, (assentindo lentamente) Eu posso confirmá-lo como tal.

M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa ? É uma pessoa, uma coisa ? Tem uma forma, característica ou qualidade ? É pessoal ?

Q: Não. Ningúem está lá. Nada.

M: Você está lá ?

Q: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.

M: O que vê ou sabe isso ?

Q: Eu não sei. Eu apenas sei mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento denovo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.

M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode ' ter ' ou se ' tornar ' isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe ?

Q: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast­á-lo ? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto ?

M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça o ' Eu não quero afastar isso embora ' é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer ? O que falta ? O que há para se manter ou perder ?

Q: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir ?

M: O que está testemunhando o ' branco ' ?

Q: (pausa...) Eu estou. Aqui outra vez !

M: E denovo, quem ou o que é você aqui ?

Q: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.

M: Há alguma tristeza ?

Q: Não.

M: Feliz ?

Q: Não.

M: Livre ?

Q: Não. Eu nem usaria a palavra ' livre ' . (pausa). Sem palavras...

M: Aha ! Muito bom ! Parabéns ! Aquilo é isto ! isto é tudo, você terminou, Excelente ! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.

Q: Mmmm... Isto é impossivel ! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde ?

M: Aqui !

Q: Não há nem sequer aqui !

M: Realmente ? E o Agora ?

Q: Não, nem Agora (longa pausa...) Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso O Indescritível está por detrás.

M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um.
( o questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila...Mooji sorri...)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de 'iluminação' se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)

Outro questionador: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou, no meu caso eu penso que ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.

M: Que experiência ?

Q: A experiência louca.
( Gargalhada..).

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa.No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva 'Eu sou'. Este 'Eu sou' é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência e são percebidos dentro e através desta consciente presença 'Eu sou'; esta é a 'testemunha', o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.

Q: Então nós somos o corpo ou 'estamos' no corpo ou algo separado ? Porque...
( O questionador começou a se lembrar de algumas experiências e observações...)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo : o que fazer com isso que está sendo ouvido; permita que o 'escutar' apenas 'aconteça', assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento 'Eu', não é o verdadeiro 'Eu sou'. Ele vem quando o 'Eu sou' impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade – o sentido de 'eu'. Então você percebe, o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, e é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como cosciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do 'Outro' e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medo, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado em si mesmo quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão ! ( gargalhada .. )
Agora escute, não há nada em particular para se 'fazer' aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro, é uma unidade- isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o 'Eu sou' impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do 'Eu individual' brota, e simultâneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele ! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Q: Porfavor, você poderia repetir o ponto sobre o 'teatro da consciência'?

M: Não ! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente, mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta posição estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente,que aparecendo como um buscador vigilante se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é; se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço; da onde o sentido de perder ou encontrar surge, é sentido, mas descartado como 'não real'- 'neti-neti' como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.

Q: Mas Mooji, seguramente é vigilância ter a certeza que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe 'alguém' que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este 'alguém', a 'pessoa', o indivíduo, não será encontrado ! Tudo é apenas consciência – o 'você', o 'eu', o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo - tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta ! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples ! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais, mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de 'maya' (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! ( risadas...). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: ' É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu. (Gargalhadas...)

Q: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso !

M: O que está vendo tudo isso ?

Q: Nada... Eu.

M: 'Eu' - nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente ?
( Pausa...)

M: E agora ?

Q: Silêncio e paz.

M: Para quem ?

Q: Aqui..Para mim.

M: Pra você ? Você tem certeza ? O que, onde e como está 'você' exatamente nisso ?

Q: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo ?

M: Você me diz.

Q: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.

M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom !
( risadas...)

OM

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Polaridade positiva-negativa - (Mooji)


"Medite sobre o aspecto positivo da vida e então sobre o negativo.
Depois coloque ambos de lado, pois você não é nenhum deles.
Olhe para isso desse jeito. Medite sobre o nascimento: uma criança
nasceu, você nasceu. Então você cresce, torna-se jovem. Medite sobre
todo esse crescimento. Daí você se torna velho e morre. Desde o próprio
começo... imagine o exato momento em que seu pai e sua mãe conceberam
você, no útero de sua mãe, desde a primeira célula. Olhe de lá até o
final quando o seu corpo está queimando numa pira funerária e todos os
seus parentes estão de pé ao seu redor. Então coloque ambos de lado,
aquele que nasceu e aquele que morreu. Simplesmente coloque ambos de
lado e olhe para dentro de si. Lá está você - aquele que nunca nasceu
e que nunca vai morrer.

Você pode fazer isso com qualquer polaridade positiva-negativa. Você
está sentado aqui. Eu olho para você, eu conheço você. Então, eu fecho
os olhos e você não está mais aí; eu não conheço você. Então coloco ambos
de lado: o conhecimento do que eu conheço e o conhecimento do que eu
não conheço. Você estará vazio, porque quando você põe de lado o
conhecimento e o não-conhecimento, você fica vazio.

Existem dois tipos de pessoas: algumas são preenchidas com conhecimento
e outras são preenchidas com ignorância. Existem pessoas que dizem,
'nós sabemos'. O ego delas subiu com o conhecimento. E existem pessoas
que dizem, 'nós somos ignorantes'. Elas estão preenchidas com a ignorância..
Elas dizem, 'nós somos ignorantes, nós não sabemos'. Um é identificado
com o conhecimento e o outro com a ignorância. Mas ambos possuem alguma
coisa, ambos valorizam alguma coisa. Empurre ambos para o lado, o conhecer
e o não-conhecer, assim você não é nem a ignorância, nem o conhecimento.
Coloque ambos de lado, o positivo e o negativo. Então quem é
você? De repente, o 'quem' será revelado a você. Você se tornará consciente
do além, daquilo que transcende. Colocando ambos de lado, o positivo e o
negativo, você estará vazio. Você será nenhum, nem sábio nem ignorante.
Coloque ambos de lado, o ódio e o amor; coloque ambos de lado, a amizade
e a inimizade. Quando ambas as polaridades forem colocadas de lado, você
estará vazio.

Mas esse é o truque da mente: ela pode colocar um de lado, mas nunca os
dois juntos. Ela pode colocar um de lado - você pode colocar a ignorância
de lado, então você se agarra ao conhecimento. Você pode colocar a dor
de lado, mas aí você se agarra ao prazer. Você pode colocar os inimigos
de lado, mas aí você se agarra aos amigos. E existem algumas poucas
pessoas que fazem justamente o contrário: elas colocam os amigos de lado
e se agarram aos inimigos; elas colocam o amor de lado e se agarram ao ódio,
elas colocam a riqueza de lado e se agarram à pobreza; elas colocam o
conhecimento e as escrituras de lado e se agarram à ignorância. Essas
pessoas são grandes renunciadores. Qualquer coisa que você se agarra,
elas colocam de lado e se agarram ao oposto - mas elas se agarram do mesmo
jeito.
Agarrar-se é o problema, porque se você se agarra, você não consegue
esvaziar-se. Não se agarre; esta é a mensagem dessa técnica. Simplesmente
não se agarre a nada, positivo ou negativo, porque com o não-agarrar-se
você encontrará a si mesmo. Você está aí, mas por causa desse agarrar,
você está escondido. Com o não-agarrar você estará exposto, você estará
descoberto. Você explodirá.


-

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Om Namo Bhagavate - (Deva Premal)



OM NAMO BHAGAVATE VASUDEVAYA (do sânscrito): é um dos mantras de evocação de Krishna. OM é a vibração interdimensional que interpenetra a tudo e a todos.
NAMO: Saudação ou reverência ao poder divino.
BHAGAVATE: Respeito ao Senhor.
VASUDEVAYA: Vasudeva é o nome da família carnal que criou Krishna. O Ya acrescentado no final significa a característica ativa (masculina) do mantra. Quando alguém faz esse mantra completo, evoca Krishna como homem que também viveu aqui na Terra e sabe das dificuldades enfrentadas por todos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Permaneça em silêncio - (Ramana Maharshi)


A liberação, que é bem-aventurança, é natural a todos.
A ignorância é uma ilusão da mente, uma falsa sensação.
Apenas o ego é prisão, e a sua própria natureza,
livre do contágio do ego, é liberação.
Não há engano maior do que acreditar que a liberação,
Que está sempre presente como a sua verdadeira natureza,
será alcançado em um tempo futuro.
Até mesmo o desejo pela liberação é fruto da ilusão.
Portanto, permaneça em silêncio.

é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação ? - (Mooji)


Questionador: Mooji, é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação ? Alguém já se tornou iluminado ou despertou através de estar vindo a Satsang; e se sim, você poderia dizer quem ?


Mooji: Em verdade não é possível se tornar iluminado assim como você coloca, pois não há ninguém por assim dizer para se tornar iluminado em primeiro lugar. O firme reconhecimento, ou a realização de que não existe em realidade um 'alguém' para alcançar a iluminação, e que nunca em tempo nenhum poderá haver tal entidade, seja agora ou no futuro, para alcançar tal estado, é o que vem a ser a Iluminação.Esta é a verdade derradeira.Você pergunta: ' Se já alguém, por vir a Satsang, se tornou desperto.' Isto já foi respondido na minha resposta prévia mas vou ainda adicionar que o que tém havido e continua a se dar é um constante reconhecimento do fato que a identidade-ego é um mito, um personagem fictício. Esta, por assim dizer, individualidade, é uma expressão da pura Consciência/Ser e não o fato ou a definição do Ser. Este Ser permanence por detrás como a testemunha ou a observação dos fenômenos surgindo espontaneamente na consciência. Este Ser verdadeiro é somente a sem-forma e sem-nome presença que surge e brilha como paz, alegria e felicidade sentidos como contentamento amoroso. Quando este reconhecimento ocorre dentro de cada indivíduo, ou expressão da consciência conhecido como 'pessoa', este estado é chamado de 'despertar' ou 'iluminação'Você me pede para eu apontar se existe alguém assim aqui presente ? Na linguagem comum eu direi que um número de pessoas aqui chegaram neste ponto de ver/ser claramente além de apenas uma mera aceitação ou entendimento intelectual ou acadêmico. No entanto, as tendências mentais e identificações não são completamente destruídas, e o sentido de ego fazendo-se passar pelo assento da realidade continua a aparecer, embora já exposto através da inquirição como uma mera ilusão. Isto é natural. A tarefa e o desafio aqui é trazer repetidamente esta individualidade-Eu de volta ao coração/fonte quando ela surgir, e treinando a atenção a permanecer na fonte, que é o seu verdadeiro ser, gradualmente ela funde-se na fonte e se torna a própria fonte.Finalmente, quem poderia ser esse 'eu' quem clamaria: 'Eu o tenho', ou 'Eu sou uma pessoa realizada'. Quem ou o que pode possuir a Iluminação ? Não é o mesmo ego ? Percebe o meu ponto ?No entanto, alguns Mestres de fato declararam e se afirmaram como a pura realidade, sem qualidades, e falaram a partir desta direta convicção/sabedoria livre do ego. Isto também é correto na minha visão e é muito refrescante, natural e com autoridade, para que saibamos que não é possível enmoldurar ou limitar o ser puro por nenhum padrão ou lógica humana.

'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui - (Mooji)


'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu',nenhum 'você'. Ningúem existe, somente aquilo que É ', que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : ' Nós somos chamados por nosso próprio Ser ', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A inquirição silenciosa - (Trechos do Satsang com MOOJI, mar/08 em São Lourenço - Transcrição: Veetshish)


Pergunta – Mestre, essa não-mente que o senhor fala, seria o fluir da
intuição, justamente algo diferente; como o Eu Sou, o que estou perguntando.
Mooji - Isto que não é esta mente, não é um outro tipo de mente.
É como se fosse um espaço, mas eu não quero dar uma imagem a isso,
porque a mente em si, ela rapidamente dá uma imagem a algo que não tem uma
imagem. A única coisa que eu posso falar seria: tudo que você percebe é um
pensamento, sensação, emoção, sentimentos, objetos, o que você chama de mente,
memórias, qualquer coisa que é percebida, não pode existir sem você que os
percebe.
Isto é um ponto muito simples, um senso comum. Você não deve pensar
que é algo complexo, ou profundo. No momento em que você entende o que eu
falei, você vai ver o quão simples é.
Você está observando todas estas coisas. Então experimenta quem você
é, experimenta quem percebe todas as coisas. Pode você, que está observando todo
o resto, pode você ser observado? Tente ver. O que é você? Não pense sobre isso.
Olhe, encontre!
É tão fácil simplesmente perder esta oportunidade. Eu me pergunto se
você entende a profundidade desta oportunidade. Poucas pessoas percebem. Esta é
a descoberta mais alta que você pode fazer. Porque põe um fim à separação.
E talvez a gente esteja ainda investindo em separação. A sua mente
ainda está investindo em separações. E enquanto a sua mente ainda está investindo
em separações, você está na roda da existência. Enquanto sua mente está ainda
investindo em separação, e você está investindo na mente, você não vai conhecer a
liberdade completa.
Talvez você nem queira! Porque se você estiver tão profundamente
hipnotizada com a associação com a mente, o que estou falando não vai ter
interesse pra você.

Pergunta - E esse sem-esforço, de onde vem? Como se percebe este
sem-esforço?
Mooji - Parando de fazer esforço.
Você pergunta de onde a falta de esforço vem, mas você deve entender
que todo o esforço surge do não-esforço. A falta de esforço é estável, o esforço é
instável. O esforço é variável. A falta de esforço é constante.
E você é esta falta de esforço.
Mas se você usa sua mente para aceitar o que eu estou falando, a mente
diz: mas como eu posso achar esta falta de esforço? Qual é o esforço certo para ser
sem esforço? Quando você observa esta resposta que vem vindo da mente, mas
você não se identifica com a mente, não compra esta sugestão, se mantém quieta,
observe que isto é mais só um pensamente. Deixe o pensamento acontecer. Mas
não entre em nenhuma relação com isso. Então, qual será sua experiência?
Sua experiência é que nada te toca. Você não consegue se achar como
um objeto fenomenológico. Você não é um fenômeno. Você é a testemunha do
fenômeno.
Você entende isso, você vê isso? Isso é direto. Você não tem que ir a
uma universidade pra aprender isso. Você não tem que ir morar numa caverna pra
entender isso, você não tem que ser iniciado pra entender isso. Você não tem que
recitar nenhum mantra pra saber disso. Essa é a verdade indissolúvel e
transparente.
Quem é você? Você pode escrever algo sobre você que seja verdade, na
luz do que estou compartilhando com você? Você pode ser descrito? Ou você é
aquilo que percebe aquela descrição?

************

Mooji -
Dizem que a coisa mais simples é a mais difícil de ser
reconhecida. O que está longe é o mais fácil de ver. Aquilo que é o mais íntimo
não pode ser visto. E a verdade está mais próxima do que a intimidade. Como e
por quem pode ser vista? Algo diferente da verdade?
A maioria das pessoas quer um tipo de experiência porque quando você
tem uma experiência, você pensa: algo especial aconteceu. Mas aquele que é
verdadeiramente livre está além da experiência. Eles experimentam a experiência.
Vocês entendem o que estou falando?
Aquele que testemunha a experiência, pode aquele ser experimentado?
Você está absorvendo a pergunta, ou você está só ouvindo mentalmente? Existe
coragem para convidar esta pergunta pra dentro do coração?
Você tem que ter a coragem do Buda. E o que é esta coragem do Buda?
Esta pergunta é como uma granada. A coragem do Buda é aquele que vai para um
lugar quieto com esta pergunta, que é uma granada, e tira o pino. Quem entende
isso?
Se você se identificar com a mente, você vai deixar a mente escapar,
porque você tem medo da possibilidade deste descobrimento. Mas por que você
deveria ter medo de descobrir aquilo que você já é? É tão tolo assim.
Não escute somente mentalmente. Aceite dentro de você.
Eu fiz pergunta a vocês, mas eu não quero nenhuma resposta. Porque a
maioria das respostas vem da mente. Fiz a pergunta. Coloquei esta pergunta como
uma granada na sua mão. Você vai puxar o pino?
Pergunta - Pode repetir a pergunta?
Mooji - Você vê tudo. Tudo o que você vê e experimenta no mundo,
tudo o que está preso na sua mente, tudo o que você percebe ser importante neste
mundo, incluindo a idéia que você tem de você mesmo, tudo isso está sendo
guardado na sua memória, existe somente em você.
Você pode acreditar que existe dentro de cada um, mas em cada pessoas
isso existe de forma única como uma percepção subjetiva. Então, você é o centro
do seu universo.
Você é experiência do seu universo. Então, quem é você? Quem é você
que percebe todas essas coisas?
Se tem um sentimento dentro de você que o está perturbando, pode este
sentimento estar dentro de você sem você, pode existir sem você que o percebe?
Mesmo a mudança mais sutil que acontece dentro de você, você é o está
consciente desta mudança.
Quem ou o que é você?
Você pode ser visto?
Você pode se apresentar?
Qual sua forma?
Você tem desejos?
Você tem data de nascimento?
Você tem um signo?
Aquilo que vê todo o resto...
Olhe e veja! Você pode passar os próximos 10 anos fazendo isso, mas
você também pode achar em 10 segundos. Você escolhe.
O que acontece com você quando você olha através desta pergunta?
Eu não quero sua resposta mental. Ela não é fresca. Ela é velha.

VIDA VERDADEIRA - (Trechos do Satsang com MOOJI, 23/02/2008 em São José dos Campos - Transcrição : Veetshish)


Você acha que tem muito para saber
Você pode passar suas próximas dez vidas aprendendo o máximo que possa aprender e você
não será nem comparável a um sábio analfabeto!
Quando você está livre, livre da identificação da relação corpo-mente, livre de intenções,
expectativas, se agarrando ao passado, livre do vicio da memória, então você se torna vivo,
com uma existência espontânea.
Vida Real, Real.
Até esse momento você não está realmente vivo, você está sobrevivendo.
Vida real é estar livre do medo, livre da depressão, livre da dúvida, livre do apego, livre do
desejo, livre do orgulho, livre da dependência, livre da arrogância, livre da identificação.
Isso é liberdade.
E é o seu estado natural.
É quem você já é.
Você não tem nem a chance de escolher entre ser ou não ser isso! É uma opção ilusória.
Aqueles que sabem vão falar: “Ei você, acorda!”
Seu ser está espreguiçando, acordando.
E agora, todas as idéias que você acumulou, seu ser está arrotando elas. Não mais as quer.
Coisas que sua mãe te contou, teu avô. Mas elas não são suas.
Elas não são originais.
Qualquer um destes ensinamentos, eles são originais do seu ser?
Todos vieram depois de você. Primeiro veio você, depois eles.
Você é o conhecedor do conhecido.
Você sabe da sabedoria e da ignorância.
Então contemple: quem sou eu?
Tudo que eu aprendi, veio depois de mim.
Quem sou eu, antes de tudo isso?
Onde que tenho que ir para ser, antes disso?
É muito simples, na verdade.
Porque seu ser original nunca foi ferido, perdido.
Foi apenas eclipsado por essa coisa estranha que você chama de sua vida.
E agora você está acordando
E algumas coisas estão caindo para fora de você porque não pertencem a você.
Você pode sentir segurança até com o que é falso. Porque te dá a ilusão de que você
pertence a algo.
E claro que você pode curtir isso por um tempo, mas a essência natural vai querer te
separar disso, sair fora disso.
Onde existe a vontade de realmente saber quem sou eu, aí pode-se ter a sorte de encontrar
alguém como eu. Sabe por quê? Porque eu não quero conhecer ninguém que não esteja
interessado nesta pergunta. Eu não tenho tempo a perder. Quando você chegar nesta
pergunta, então você se torna interessante para mim. Porque eu sei quem você é. Eu
conheço você na sua Realidade.
Eu converso com você como Consciência falando para Consciência sobre Consciência.
Eu não converso como uma pessoa. Eu não sei o que uma pessoa é. Mas você acredita que
você é uma pessoa.
Quando você conta a sua história, e a sua história tem vida, porque tem o investimento
pessoal nela, neste momento você está se formando como uma pessoa.
Então, nesta conversação, quando uma pessoa encontra uma não-pessoa, apenas um deles
sobrevive.
Me pergunto: quem?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quando eu for somente um sonho - (PARAMAHANSA YOGANANDA)


"Venho para falar Dele a todos,
De como guardá-lo no peito
E da disciplina que atrai Sua graça.
A ti, que me pediste
Guiar-te à presença do meu Bem-amado,
Com minha silenciosa mente te advertirei,
Ou falarei contigo, através de um doce e expressivo olhar,
Sussurrarei baixinho com a voz do meu amor,
Ou te alertarei em voz alta quando te afastares Dele.
Mas quando eu me tornar apenas uma lembrança,
Ou imagem mental, ou voz silenciosa,
Quando nenhum apelo terrestre revelar
Meu paradeiro no espaço insondável,
Quando nenhuma leve súplica ou ordem severa
Trouxer de mim uma resposta,
Sorrirei na tua mente quando estiveres certo,
E quando errares, chorarei através de meus olhos,
Fitando-te veladamente na escuridão.
E chorarei através de teus olhos talvez;
E murmurarei através de tua consciência,
E raciocinarei contigo usando da tua razão,
E amarei todos através do teu amor.
Quando não mais puderes me falar,
Lê meus "Sussurros da Eternidade";
Por meio deles, falarei contigo eternamente.
Incógnito, andarei a teu lado
Protegendo-te com braços invisíveis.
E assim que conheceres o meu Bem-amado
E ouvires a Sua voz no silêncio,
Reconhecer-me-ás novamente, mais tangível
Do que me conheceste na Terra.
Mas quando eu for somente um sonho para ti,
Voltarei para te lembrar que também não passas
De um sonho do meu Bem-amado Celestial.
E quando souberes que és um sonho, como agora eu sei,
Estaremos despertos Nele para sempre."


Copyright© 1995 Self Realization Fellowship. All Rights Reserved.
Paramahansa Yogananda - "When I Am Only a Dream" (Portuguese)

Samadhi - (PARAMAHANSA YOGANANDA)

"Levantados os véus de luz e sombra,
Evaporada toda a bruma de tristeza,
Singrado para longe todo o amanhecer de alegria transitória,
Desvanecida a turva miragem dos sentidos.

Amor, ódio, saúde, doença, vida, morte:
Extinguiram-se estas sombras falsas na tela da dualidade.

A tempestade de maya serenou
Com a varinha mágica da intuição profunda.

Presente, passado, futuro, já não existem para mim,
Somente o Eu sempiterno, onifluente, Eu, em toda parte.

Planetas, estrelas, poeira de constelações, terra,
Erupções vulcânicas de cataclismos do juízo final,
A fornalha modeladora da criação,
Geleiras de silenciosos raios X, dilúvios de elétrons ardentes,
Pensamentos de todos os homens, pretéritos, presentes, Futuros,
Toda folhinha de grama, eu mesmo, a humanidade,
Cada partícula da poeira universal,
Raiva, ambição, bem, mal, salvação, luxúria,
Tudo assimilei, tudo transmutei
No vasto oceano de sangue de meu próprio Ser indiviso.

Júbilo em brasa, freqüentemente abanado pela meditação,
Cegando meus olhos marejados,
Explodiu em labaredas imortais de bem-aventurança,
Consumiu minhas lágrimas, meus limites, meu todo.

Tu és Eu, Eu sou Tu,
O Conhecer, o Conhecedor, o Conhecido, unificados!

Palpitação tranqüila, ininterrupta, paz sempre nova,
Eternamente viva.

Deleite transcendente a todas as expectativas da imaginação,
Beatitude do samadhi!

Nem estado inconsciente,
Nem clorofórmio mental sem regresso voluntário,
Samadhi amplia meu reino consciente
Para além dos limites de minha moldura mortal
Até a mais longínqua fronteira da eternidade,
Onde Eu, o Mar Cósmico,
Observo o pequeno ego flutuando em Mim.

Ouvem-se, dos átomos, murmúrios móveis;
A terra escura, montanhas, vales são líquidos em fusão!

Mares fluidos convertem-se em vapores de nebulosas!

Om sopra sobre os vapores, descortinando prodígios.

Mais além,
Oceanos desdobram-se revelados, elétrons cintilantes,
Até que ao último som do tambor cósmico,
Transfundem-se as luzes mais densas em raios eternos
De bem-aventurança que em tudo se infiltra.

Da alegria eu vim, para a alegria eu vivo, na sagrada alegria,
Dissolvo-me.

Oceano da mente; bebo todas as ondas da criação.

Os quatro véus do sólido, líquido, gasoso, e luminoso,
Levantados.

Eu, em tudo, penetro no Grande Eu.

Extintas para sempre as vacilantes, tremeluzentes sombras,
Das lembranças mortais:
Imaculado é meu céu mental – abaixo, à frente e bem acima;
Eternidade e Eu, um só raio unido.

Pequenina bolha de riso, eu,
Converti-me no próprio Mar da Alegria."


Copyright© Self Realization Fellowship. All Rights Reserved.
Paramahansa Yogananda - (Portuguese)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Moola mantra - (Deva Premal)

O Moola Mantra é uma benção Divina . Você não precisa ser devoto de Sri Amma e Sri Bhagavan para receber esta Graça, mas você precisa invocá-la com o coração.

A benção Divina do Moola Mantra é para todos aqueles que estão buscando o fim do sofrimento e que aspiram atingir um estado elevado de consciência ou iluminação. O Moola Mantra contém a natureza de Deus e da criação.

Aum Sat-Chit Ananda Parabrahma,
Purushotama, Paramatma,
Sri Bhagavathi Sametha,
Sri Bhagavathe Namaha



Aum/Om – Som original do Universo
Sat – Existência
Chit - Consciência
Ananda – Benção
Parabrahma –O maior de todos, Deus, O-sem-forma, Aquele que está além do espaço e do tempo
Purushotama – O Deus manifestado (Jesus, Buddha, Kalki)
Paramatma – O Divino em nosso coração
Sri – Palavra que designa tratamento cerimonioso a uma alta consciência
Bhagavathi – O aspecto feminino do Divino
Sametha – Em conexão com
Bhagavethe – O aspecto masculino do Divino
Namaha – Eu me entrego, reverencio tudo isto



A SENSE OF WONDER (video)



Environmentally concerned schoolchildren join the internationally celebrated 'Chinmaya Dunster and the Celtic Ragas Band', to read their poems about nature at this 'CONCERT FOR INDIA'S ENVIRONMENT'in Pune, India.

'Awakening' - (Deva Premal and Miten live 2008 with Manose)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Aprendendo a ouvir - (Tomas Downey)

“Aprender a ouvir” soa tão simples. Mesmo assim, ouvir conscientemente requer força de vontade. Podemos ouvir um som, mas não capta-lo conscientemente. Pode-se perguntar, “Ouviu aquilo? O que era?” Respondemos que achamos ter ouvido alguma coisa, mas não temos idéia do que.

Algumas vezes, nossas vidas podem ser assim, escutando mas não ouvindo. Repentinamente, sentimo-nos surpresos, chocados ou atônitos pelo que está acontecendo ao nosso redor ou conosco, como se tivesse vindo de nenhum lugar, sem aviso. Podemos procurar um amigo de confiança, que pode recomendar que falemos com outros, talvez um professor, um conselheiro ou um doutor.

Basicamente, de amigos confiáveis, a conselheiros respeitáveis e a especialistas recomendados, é o ato de ouvir que lhes permite ajudar, cada um de sua maneira. Ouvindo não apenas o que dizemos, mas o como estamos. Todavia, mesmo quando tentam nos ajudar, cada um deve ter uma visão ou interesse em nossa situação, inteligível e limitada. Então, porque não aprender a ouvir a nós mesmos?

Apesar de cada aspecto da vida oferecer a oportunidade de ouvir e aprender, freqüentemente não permitimos que isto aconteça por causa dos nossos padrões habituais, que trazem para nossa memória eventos passados e associações para referência. Então, com freqüência agimos de acordo com o que costumava acontecer, ao invés de agir de acordo com o que está acontecendo. Isto pode ser chamado de “mente velha”, uma mente que não está aberta para novas maneiras de pensar, ver ou agir. Algumas vezes estamos simplesmente preocupados com os pensamentos desta mente velha.

Veja o exemplo de ir a um concerto musical com um amigo, que está perdido em pensamentos durante a maior parte do espetáculo e assim, não está apreciando a apresentação ou o som do violino. Ele está, em conseqüência, perdendo algo bem na sua frente. Ou, se alguém próximo a nós está tentando abordar um assunto sensível, estamos completamente presentes para ele?

Se nosso corpo envia indicações de problemas potenciais, apenas ignoramos? E o mais importante, se nosso coração está oferecendo conselho, estamos muito ocupados para sermos incomodados?

“Ouvir verdadeiramente significa que podemos receber de qualquer fonte – grandes professores, um conhecido, um estranho, um animal, uma planta, uma montanha.” Com efeito, podemos aprender com todos e tudo. E, claro, isto inclui a nós mesmos.

Entretanto, a fonte mais importante está dentro de nós, não fora. “Aprender a ouvir é o passo mais importante na direção de estar preparado para encontrar a ‘fonte especial’, que reside em nosso coração. Mas não é sempre fácil. Quanto mais pensamos que sabemos de algo, menos tendemos a ouvir”. De alguma forma, parece que perdemos nossa conexão, nossa ligação com nosso próprio coração.

Podemos imaginar nosso coração como um jardim, um castelo, um topo de montanha ou uma ilha. Arbustos sombrios, guardas ferozes, espíritos assustadores ou um oceano turbulento podem cercar nosso coração. Podemos nos ver vagando a esmo por caminhos incertos de nosso coração, tentando encontrar um caminho para casa. Aprender a ouvir pode, gradualmente, nos levar a descobrir o caminho direto de volta ao nosso coração.

Isto destaca um interessante aspecto sobre ouvir: na maioria das vezes, precisamos de alguém ou de algo que ajude nossa capacidade de ouvir a crescer e a desenvolver. Eles nos ajudam a parar, pausar ou pelo menos diminuir a velocidade e prestar atenção para uma mudança, mesmo que breve. Um ‘alguém’ normalmente auxilia mais do que um “algo”. Um péssimo acidente no trânsito pode nos fazer dar mais valor para a preciosidade da vida. Mas é um bom amigo ou um professor que nos ajudará a construir essa avaliação, trazendo mais discernimento.

Nossa capacidade de ouvir, não do hábito, mas do estar presente no momento, é “adquirida lentamente, por um processo que possui dois componentes – um espelho e alguém olhando dentro dele”. Alguém em quem confiamos e respeitamos pode atuar como um espelho, refletindo como nós estamos. Mas devemos estar desejosos para olhar nosso próprio reflexo. Além disto, não devemos confundir o ‘espelho’ e a nossa imagem refletida nele.

Essa confusão acontece com freqüência, quando desenvolvemos um relacionamento de muita confiança com um conselheiro ou professor. Sua função é principalmente nos ajudar a encontrar nosso caminho e não necessariamente ser um amigo sempre sorridente. Assim, agindo como um espelho para nós, um amigo ou um professor pode refletir coisas que de outro modo não veríamos ou relacionaríamos. Em resposta, podemos ficar bravos com eles. Além de escolher nosso conselheiro sabiamente, devemos ser sábios conosco, sobre o que estamos realmente procurando. Não podemos ficar dependentes de um conselheiro. Igualmente importante, um verdadeiro professor não encoraja a dependência, mas sim a independência.

Através de um relacionamento estudante-professor, baseado em respeito mútuo e verdade, a capacidade de ouvir será desenvolvida e perceberemos coisas que não reparamos antes.

Com a orientação de um bom professor, há muitos meios ou ferramentas que podemos usar para desenvolver nossa capacidade de ouvir. Por exemplo, empenhar-se em uma prática com movimentos especiais do corpo, onde nossa atenção esteja voltada para praticar somente de uma forma que seja adequadamente benéfica para nós.

Ouça o seu corpo. Onde o alongamento se torna tensão? Como fazer algo dez vezes, ao invés de 5, deixa você no dia seguinte? Simplesmente observar, ouvir e prestar atenção às mensagens do seu corpo, é uma prática que vale a pena por si só. Com freqüência, precisamos diminuir um pouco o ritmo, tanto mental quanto físico, para fazer isto direito. Nosso senso de estabilidade, assim como a flexibilidade, aumenta.

Ouça a sua respiração. Ficando à vontade com o nosso corpo, naturalmente tendemos a ficar mais atentos à nossa respiração. Isto é extremamente útil no desenvolvimento da nossa capacidade de ouvir. A respiração é uma ligação tanto consciente quanto inconsciente entre a mente e o corpo. Uma respiração irregular revela uma mente ou corpo que não está relaxado de alguma forma. Trabalhar conscientemente com a respiração, em harmonia com o movimento, promove o aumento da consciência de si mesmo e facilita o relaxamento. Nos sentimos mais arranjados com nós mesmos.

Ouça a sua mente. Enquanto progredimos no aprendizado de relaxar nosso corpo e respiração, nossa mente aprende a relaxar também. Se feito adequadamente, permite a “atenção sem tensão”. Começamos a ouvir em um nível mais interior, com crescente claridade. Pensamentos vêm e vão, cada vez com menos distrações.

Ouça seu coração. Uma forma muito bela e fascinante de unir intuitivamente o corpo, a respiração e a mente é trabalhar com sons. Cantar sons sagrados, ou frases com significado para nós, traz uma atmosfera inteiramente nova para nossa mente. De todas as ferramentas, parece a mais capaz de acalmar e focar a mente, ao mesmo tempo em que toca e abre o coração. Um movimento sutil, mas profundo, em nossa percepção de ser, acontece da cabeça para o coração. Não há nada mais profundo ou central do que isso. Gradualmente, nosso corpo, respiração e mente tornam-se partes chaves do sistema de apoio nessa jornada, ao invés de obstáculos ou distrações.

Ouça o seu mundo e tudo o que acontece nele. Aprendemos a ‘estar aqui por nós mesmos’. Agora, podemos aprender a ‘ estar lá pelo outros’ também.

A jornada de aprender a ouvir, com freqüência, requer um “ardente, progressivo e ininterrupto compromisso durante um extenso período de tempo”. Uma vez que isto seja feito com facilidade, talvez até sem esforço, continua como uma parte saudável e natural de ser quem somos.

Essas são apenas uma poucas abordagens para desenvolver e explorar nossa habilidade natural de ouvir.

Aprender é ouvir e ouvir é aprender sobre o nosso mundo, sobre nós mesmos. Que possa toda nossa audição nos levar para o mais espetacular local de escuta que há – nosso coração.

Todas as citações e paráfrases são de um pequeno e maravilhoso livro titulado “O que Estamos Procurando”, “What Are We Seeking” de T.K.V. Desikachar, que inspirou este artigo.

Estar no Agora - (Cláudio Roberto Freire de Azevedo)


Sempre que me percebo vivendo o agora,
Na mesma perspectiva do ontem,
Esqueço de perceber o novo.

Preso num raciocínio de retaliações históricas,
Deixo de criar possibilidades de ser diferente.
Vivendo um pânico de um futuro sombrio,
Esqueço de no presente vibrar a paz.

Eu sou mudando... O homem é um vir a ser...
Por que não me construir a cada momento?
Fazer uma escolha diferente?
Descobrir que algo não funcionou direito e
Redirecionar meu caminho?

Deveria construir a cada momento o meu presente...
Enxergar o que está acontecendo.
Pois aquilo que é, no segundo seguinte pode deixar de ser.

Por que invadir o espaço dos outros
Ou deixar que invadam o meu?
O ajuste é constante, no estabelecimento de fronteiras.
Pois tudo é impermanente...
O processo de existir é um crescimento e mudança contínuos.

Qual a minha capacidade de acolher o outro?
O diferente?
Como buscar a unidade na diversidade
Para acolher o todo, que contém todas as diferenças?

O homem é um ser de escolha, responsável pela vida.
É autor e ator de sua existência.
A mudança ocorre quando, paradoxalmente,
O indivíduo se torna o que ele é...
(teoria paradoxal da mudança).

Se estamos conscientes, podemos a cada momento escolher (intenção).
Se escolho, sou responsável, sou um ser histórico.
O que está acontecendo, como está acontecendo,
PARA QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Se a cada momento percebo o que me cabe,
E faço a minha parte
Contribuo para a evolução planetária, pois
Se sou responsável por mim, sou responsável pelo todo.

Meditar não é feito somente estaticamente,
Meditar é viver a plenitude, do levantar ao deitar,
escovar os dentes, vestir-me, comer, trabalhar:
VIVER O PRESENTE.
Observar tudo o que passa conosco, saborear.

Pois...
O passado só serve se o olharmos com a perspectiva futura do ainda não realizado.

Assim mesmo ... - (Madre Teresa de Calcutá)

Muitas vezes, o povo é egocêntrico, ilógico e insensato.
Perdoe-o, assim mesmo.
Se você é gentil, o povo pode acusá-la de egoísta e interesseira.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você for um vencedor,
terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença, assim mesmo.
Se você é honesta e franca, o povo pode enganá-la.
Seja honesta e franca, assim mesmo.
O que você levou anos para construir,
alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa, assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, o povo pode sentir inveja.
Seja feliz, assim mesmo.
O bem que você faz hoje, o povo pode esquecê-lo amanhã.
Faça o bem, assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você,
mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você, assim mesmo.
Veja você que, no fim das contas, é entre você e Deus.

Nunca foi entre você e o povo...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Baba Hanuman - (Krishna Das)



Baba Hanuman
Namo... Namo...Anjaninandanaaya
I bow, I bow again and again to Anjani's son, Hanuman
Jaya Seeyaa Raama, Jai Jai Hanumaan
Victory to Sita and Ram, Victory to Hanuman
Victory over the darkness of suffering...
Jaya Bajrangbalee, Baba Hanuman
Victory to the one with the body of a thunderbolt
My Baba, Hanuman.
Sankata Mochan kripaa nidhaan
You are home of all Grace.
Destroy all my problems, calamities and sufferings.
Jai Jai Jai Hanuman Gosaaee
Hail My Lord Hanuman
Kripaa karahu Gurudeva kee naaee
You are my Guru, bestow your Grace on me.
Sankata Mochan kripaa nidhaan,
You are the destroyer of Suffering, the abode of Grace
Laala Langotta, Laala Nishaan
You wear a red langotta and carry a red flag
Hare Raama Raama Raama, Seetaa Raama Raama Raama

Let the river of these Names take you...
Let yourself float in the beauty of your own heart
into the ocean of Love that fills all space,
that ALWAYS is...
that ONLY is.
When we know ourselves to be That,
then we can be This too.
Then we can play,
We are free and bound in the same breath,
The breath of the One breathes in us.
It's OK to be messed up, to feel small and sad and hurt
with no hope of ever seeing a good day.
It's OK to forget, to be forgotten,
to be left behind,
It's OK to be betrayed, strung out on everything
that everyone has ever done to us and we can't ever forgive...
Because
The breath of the One breathes in us.
Breathes us.
Even when we don't know.

Where is this One? How can we find that One?
The Saints say that the One is hidden in the Name.
The Divine Name. The name of Love.
And that by constant repetition,
gradually but INEVITABLY
the Presence that is hidden in the Name reveals itself!
Where? In our own hearts!
The medicine of the Name
hidden in the sugar syrup of music
begins to cure us of our sadness;
begins to cure us of our fascination with STUFF;
to cure us of thinking that happiness will come to us from the outside;
that if we have just one more hit; a better car;
a more beautiful lover, or more beautiful lovers;
a good relationship; a better relationship; ANY! relationship;
it will be enough.
When the Buddha came out of the jungle after His Enlightenment,
he said, "YO! Monks...guess what? Stuff doesn't make you happy.
The nature of stuff is that it will be NEVER be enough!
Or something like that...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Gratidão - (Osho)


Uma noite sem abrigo
A partir do momento em que uma pessoa é capaz de ser grata tanto pelo sofrimento quanto pelo prazer, sem qualquer distinção, sem nenhuma escolha, apenas sendo garto por aquilo que lhe é dado... Porque se foi dado por deus, deve haver uma razão para isso. Podemos gostar ou podemos não gostar, mas isso deve ser necessário para o nosso crescimento.
Inverno e verão são ambos necessários para o crescimento. Uma vez que essa idéia se fundamenta no coração, então cada momento de vida é um momento de gratidão. Deixe que isso se torne sua meditação e sua oração: Agradeça a deus por cada momento: pelos risos, pelas lágrimas, por tudo. Assim você verá surgir um silêncio em seu coração que você não conhecia antes. Isso é o êxtase.


A primeira coisa é aceitar a vida como ela é. Aceitando-a, o desejo desaparece. Aceitando a vida como ela é, a tensão desaparece, o descontentamento desaparece; aceitando-a como ela é, a pessoa começa a sentir -se muito alegre – sem nenhum motivo aparente!
Quando a alegria tem um motivo, esta não vai durar muito tempo. Quando alegria é sem razão, ela vai estar aí para sempre.
Isso aconteceu na vida de uma mulher Zen muito conhecida. O nome dela era Rengetsu. Muito poucas mulheres alcançaram o supremo no Zen. Essa é uma dessas raras mulheres.
Ela estava numa peregrinação e chegou numa vila ao pôr do sol e pediu abrigo para a noite, mas os vilarejos fecharam suas portas. Eles eram contra Zen. O Zen é tão revolucionário, tão totalmente rebelde, que é muito difícil aceitá-lo. Aceitando-o você vai ser transformado; aceitar o Zen será como passar através do fogo, você nunca mais será o mesmo novamente. Pessoas conservadoras sempre foram contra tudo que é verdadeiro na religião. Tradição é tudo que é inverídico na religião. Então esses moradores do vilarejo deviam ser os Budistas tradicionais, e não permitiram que essa mulher ficasse na cidade, eles a mandaram embora.
Era uma noite fria, e já velha, estava sem abrigo, e faminta. Teve que improvisar um abrigo debaixo de uma cerejeira nos campos. Estava realmente bem frio, e ela não conseguiu dormir bem. E era também perigoso – animais selvagens e tudo mais. A meia-noite ela acordou – devido ao frio intenso - e viu, no céu noturno, as flores abertas da cerejeira sorrindo para a lua enevoada. Tomada pela beleza, ela levantou-se e curvou-se na direção da vila, em sinal de agradecimento, com essas palavras:
Através de sua bondade ao recusar-me abrigo descobri-me sob as flores na noite desta lua enevoada.
Ela se sente agradecida. Cheia de gratidão, agradece aquelas pessoas que lhe recusaram abrigo. Do contrário estaria dormindo sob um teto comum e teria perdido essa bênção – o cerejeiro florido, esse sussuro com a lua enevoada, e o silêncio da noite, esse profundo silêncio da noite. Não está zangada, ela aceita o que aconteceu. Não só aceita-o, o recebe com boas vindas, ela sente-se grata. A pessoa torna-se um buda quando aceita tudo que a vida traz, com gratidão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Revelando o segredo do verdadeiro sucesso - (Osho)

Quando é manhã, é manhã. Quando é tarde, é tarde. Não há questão de escolha. Deixe a escolha de lado e você estará livre em toda parte - A liberdade só pode vir da não-escolha. Então quando você for jovem, isso é belo; quando for uma criança, isso é bonito; quando for velho, isso é bonito; quando estiver morrendo, isso é belo - porque você nunca se separa do todo, você é apenas uma onda no oceano.

A onda no oceano pode começar a pensar em si mesma como um indivíduo, mas assim estará com problemas. A onda no oceano nunca pensa em si mesma como algo em separado. Então, onde quer que o oceano a leve, ela vai de boa vontade, alegre, movendo-se em um bailado naquela direção.


Uma canção do místico Kabir:
Converso com meu amor interior e digo, por que tanta pressa? Sentimos que há algum tipo de espírito que ama os pássaros, os animais e as formigas – talvez o mesmo que lhe deu uma centelha no útero de sua mãe. Você acha lógico estar andando inteiramente órfão agora? A verdade é que você mesmo afastou-se e decidiu ir sozinho para a escuridão. Agora está emaranhado em outros e esqueceu o que uma vez sabia, e é por isso que tudo que você faz tem em si algum tipo de falha estranha.

As coisas acontecem quando precisam acontecer. As coisas estão destinadas a acontecer no momento necessário. Tudo está indo bem – basta confiar. Lembre-se da diferença. O teólogo dirá: “Acredite no conceito de Deus.” O místico diz que não há necessidade de acreditar no conceito de Deus, apenas sentir a harmonia na existência. Isso não é um conceito, não é uma crença, é possível senti-lo, está em toda parte. É quase tangível.

No momento em que você acredita ser um com o todo, há um relaxamento, subitamente há um fluir acontece, você não precisa se controlar, você pode relaxar. Não há necessidade de ficar tenso, porque não há nenhuma meta pessoal a ser atingida por você. Você flui com Deus. O objetivo de Deus é o seu objetivo, o destino dele é o seu.

Você não tem um destino privado – é esse destino privado que traz problemas. Você não percebeu isso na sua própria vida? Tudo aquilo que você faz resulta em fracasso. Você ainda não conseguiu entender – você acredita que não fez as coisa da forma correta e por isso fracassou. Então tenta um outro projeto e fracassa novamente. Nessa hora você acha que suas habilidades não são boas o bastante, então parte para melhorar suas habilidade e fracassa novamente. Depois você pensa “O mundo inteiro está contra mim” ou “O destino está contra mim”, ou ainda “Sou uma vítima da inveja dos outros”. Você continuará encontrando explicações para seus fracassos, mas nunca irá compreender os motivos reais.

Kabir diz: o fracasso significa você-menos-Deus. Esse é o entendimento de Kabir. O fracasso é igual a você-menos-Deus, e o sucesso é igual a você-mais-Deus. O sucesso está dentro de Deus e com Deus. E, lembre-se, quando digo “Deus” não estou falando de uma pessoa sentada em algum paraíso, mas do espírito cósmico, da lei que permeia toda a existência. A lei a partir da qual você nasceu e para a qual um dia irá retornar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Excertos do livro Eu sou Aquilo - Nisargadatta Maharaj

O mundo existe somente como um sonho em minha
Consciência
O que quer que tenha uma forma se constitui tão somente
de limitações imaginadas em minha consciência.


Por si mesmo nada tem existência. Tudo precisa de sua própria ausência.
Ser, é ser distinguível, estar aqui e não lá, é ser agora e não depois, ser assim e não
assado. Como a água é moldada pelo contêiner, assim também todas as coisas são
determinadas por suas condições (Gunas) (15).
Puro Ser, preenchendo tudo e além de tudo, não é a existência, a qual é
limitada. Toda limitação é imaginária, somente o ilimitado é real. (355).
O mundo não é senão, um show, um faz de conta.
O mundo é somente um show, cheio de glitter e vazio. Ele é, e ao mesmo
tempo não é. Ele está lá pelo tempo que eu queira vê-lo e tomar parte nele. Quando eu
deixo de me importar, ele se dissolve. Ele não tem qualquer causa e não serve a
qualquer propósito. Ele só acontece quando estamos mentalmente-ausentes. Ele se
parece exatamente com o que é, mas não há qualquer profundidade nele, qualquer
sentido. Somente o sobre-observador é real, chame-o Eu ou Atma. Para o Ser, o
mundo não é mais que um show colorido, o qual ele curte “infinitamente” enquanto
2
dure, e o esquece quando ele se vai. O que quer que aconteça no palco o faz encolherse
aterrorizado ou rolar no chão de rir, e ainda assim todo o tempo ele está atento de
que tudo é apenas um show. Sem desejo ou medo, ele o aprecia tal qual ele se
apresenta. (178-9)
O universo é um palco sobre o qual um drama mundial está sendo
representado. A qualidade da performance é tudo o que importa; não o que o ator diga
ou faça, mas como ele o faz e diz. Desportistas parecem fazer um tremendo esforço:
ainda assim seu único e inconfundível motivo (leit-motive), são jogar e mostrar (95)
Tudo acontece como é necessário, e ainda assim nada acontece. Eu faço o
que parece ser o necessário, mas ao mesmo tempo eu sei que nada é necessário, que a
vida em si mesma é uma fantasia.(191)
Você me vê aparentemente funcionando. Na realidade, eu somente olho. O
que quer que seja feito, é feito no palco. Contentamento e tristeza, vida e morte, eles
todos são reais para o homem delimitado; para mim, eles estão todos no show, tão
irreais quanto ao show em si mesmo. Eu posso perceber o mundo como você, mas
você acredita estar nele, enquanto eu o vejo como uma gota iridescente na vasta
extensão da consciência.(179)
Tudo o que vive, trabalha para perpetuar e expandir a consciência. Este é
todo o significado e propósito do mundo. Ë a verdadeira essência do Yoga - sempre
elevando o nível de consciência, descoberta de novas dimensões, com suas
propriedades, qualidades e poderes. Neste sentido, o universo inteiro se torna uma
escola de Yoga. (275)
De uma lâmpada de ouro, você pode fazer muitos ornamentos – cada um
permanecerá como ouro. Similarmente, em qualquer que seja o papel que eu possa
estar desempenhando e qualquer função que eu possa representar – eu permaneço o
que sou: o “Eu sou” imovível, imperturbável, independente. O que voe chama de
universo, natureza, é minha criatividade espontânea. O que quer que aconteça,
acontece. Mas minha natureza é tal que tudo termina em contentamento. (138)
O Mundo que eu percebo é inteiramente privado, um sonho.
O mundo que você percebe é de fato um mundo pequeno. E ele é
inteiramente privado. Tome-o como um sonho e acabe com ele. Não é a idéia de um
mundo total uma parte de seu mundo pessoal? O universo não vem para dizer-; que
você é parte dele. É você quem inventou uma totalidade para contê-lo como uma parte.
Na verdade tudo o que você conhece é seu próprio mundo privado, não importa quão
belamente você o tenha mobiliado com suas imaginações e expectativas. (23)
3
Este mundo é pintado por você sobre a tela da consciência e é inteiramente
seu próprio mundo privado. (200)
Conhecer o filme como o jogo de luz sobre a tela, dá liberdade da idéia de
que o filme é real. (338)
Considere. O mundo no qual você vive, quem mais sabe sobre ele? Dentro
da prisão de seu mundo aparece um homem que lhe diz que o mundo de dolorosas
contradições, o qual você criou, não é nem contínuo nem permanente e está baseado
em um mal-entendido. Ele peleja com você para que você o abandone. Você entra nele
esquecendo do que você é, e você sairá dele conhecendo a si mesmo como você é. Não
há qualquer realidade nele. Ele não perdura. (45)
O mundo não tem qualquer existência separada de você. A cada momento
ele não é senão um reflexo de você mesmo. Você o cria, você o destrói. Seu universo
pessoal não existe por si mesmo. Essa é uma visão limitada e distorcida do real. (94)
Você não é do mundo, você nem mesmo está no mundo. O mundo não é,
você sozinho é. Você cria o mundo em sua imaginação como um sonho. Como você
não pode separar o sonho de si mesmo, assim também você não pode ter um mundo
exterior independente de sua existência. Você é independente, não o mundo. Não
tenha medo de um mundo que você mesmo criou. (453)
Busque e você descobrirá a Pessoa Universal, a qual é você mesmo e
infinitamente mais. De qualquer modo, comece realizando que o mundo está em você,
e não você nele. Seu corpo pessoal é uma parte na qual o todo está maravilhosamente
refletido. Mas você tem também um corpo universal. Você nem mesmo pode dizer que
não o conhece, porque você o vê e o experiencia todo o tempo. Somente você o chama
de “o mundo” e está com medo dele. Ambos anatomia e astronomia descrevem você.
Você conhece o mundo exatamente como você conhece seu corpo – através dos
sentidos. É sua mente que separou o mundo de fora de sua pele do mundo de dentro e
os colocou em oposição. (309-10)
O mundo não é mais que o reflexo de minha imaginação. O que quer que
eu queira ver, eu posso ver. Mas porque eu deveria inventar padrões de criação,
evolução e destruição? Eu não preciso delas. O mundo está em mim, o mundo sou eu
mesmo. Eu não tenho medo dele e nem qualquer desejo de trancá-lo em um filme
mental. (28)
Imagine-se em uma densa floresta cheia de tigres e você em uma forte cela
de aço. Sabendo-se bem protegido pela cela, você assiste aos tigres sem medo. A
seguir, você encontra os tigres na cela e você perambulando na floresta. Finalmente, a
cela desaparece e você monta os tigres! (476-7)
O que eu pareço ser para você existe apenas em sua mente. Eu sou um
sonho que pode acordá-lo. Você terá de provar dele em seu próprio acordar. (181)
4
Desista de tudo e você ganhará tudo. Então a vida torna-se aquilo que se supõem que
ela seja: pura radiação de uma fonte inexaurível. Nessa luz o mundo aparece difuso
como num sonho. (257)
Desejo e medo vêm da visão do mundo como separado de mim mesmo.
Assim como você pensa ser do mesmo modo você pensa que o mundo
seja. Se você imagina-se separado do mundo, o mundo aparecerá como separado de ti
e você experimentará desejo e medo. Eu não vejo o mundo como separado de mim e
assim não há nada para eu desejar ou temer. (123)
Não há caos no mundo, exceto o caos que você cria em sua mente. Ele é
autocriado no sentido de que em seu verdadeiro centro há uma idéia de si mesmo
como algo diferente e separado das outras coisas. Na realidade você não é nem uma
coisa nem separado. (121)
Enquanto eu vir o sonho como real, eu sofrerei sendo escravo dele.
Ambos sono e vigília são nomes errôneos. Nós estamos apenas sonhando.
Só o gnani conhece a verdadeira vigília e o verdadeiro sono. Nós sonhamos que
estamos acordados, nos sonhamos que estamos dormindo. Os três estados são somente
variedades de estados de sono. Tratar tudo como um sonho libera. Quando voe
empresta realidade aos sonhos você torna-se escravo deles. Por imaginar que você
nasceu, assim e tal, você se torna escravo desse assim e tal. A essência da escravidão é
imaginar a si mesmo como sendo um processo, que tem passado e futuro, que tem
história. Na verdade nós não temos história, não somos um processo, não
desenvolvemos, não decaímos; assim veja tudo como um sonho e permaneça fora
dele.(189)
Saber que você é um prisioneiro de sua mente, que você vive em um
mundo imaginário, de sua própria criação é o lago da sabedoria. (426)
A causa do sofrimento está na identificação do percebedor com o
percebido. É dele que nasce o desejo, e com o desejo a ação cega, de resultados
impensáveis. Olhe ao redor e você verá – o sofrimento é uma coisa feita pelo homem.
(381)
Ninguém sofre em um filme, somente a pessoa identifica-se com ele. Não
se identifique com o mundo e você não sofrerá. (156)
Enquanto ele dura, o sonho tem um ser temporal. É seu desejo de mantêlo,
que cria o problema. Deixe ir. Pare de imaginar que o sonho é seu. (257)
5
Deixe o filme desenrolar-se até o verdadeiro fim. Você não pode ajudá-lo.
Mas você pode reconhecer que o sonho é um sonho, e não carimbá-lo com o selo de
realidade.(258)
No presente você está perdido, e, portanto em perigo, pois para um
perdido, a qualquer momento algo pode acontecer. É melhor acordar e ver sua situação
real. Que você é, você sabe. O que você é, você não sabe. Descubra o que você é.
(474)
Minha intenção de acordá-lo é o link (entre nossos respectivos sonhos). Meu coração
quer que você acorde. Eu vejo você sofrendo em seus sonhos e eu sei que você deve
acordar para terminar seus pesadelos. Quando você vê seu sonho como sonho, você
acorda. Mas em seu sonho eu não estou interessado. É bastante para mim saber que
você deve acordar. Você não precisa trazer seu sonho para uma conclusão definida, ou
torná-lo nobre, ou feliz, ou belo; tudo que você precisa é realizar que você está
sonhando. Pare de imaginar, pare de acreditar. Veja as contradições, as
incongruências, a falsidade e o sofrimento do ente humano, a necessidade de ir além.
Em sonho você ama alguns e não outros. Acordado você descobre que é o próprio
amor, que encampa e inclui tudo. O amor pessoal, não importa quão intenso e genuíno
invariavelmente desaparece; o amor em liberdade é amor por tudo. (258)
Este é o coração da questão: Enquanto você acredita que só o mundo
externo é real, você permanece seu escravo. (424) simplesmente compreenda que o
que você vê não é o que é. Aparências se dissolverão sob a investigação, e a realidade
virá à superfície. Você não precisa queimar a casa para abandoná-lo. Basta sair.
Somente quando você não pode ir e vir livremente que a casa torna-se uma prisão. Eu
me movo para dentro e para fora da consciência fácil e naturalmente, e assim para mim
o mundo é uma casa, não uma prisão. (479)
Nada no sonho é feito por mim.
Enquanto você acreditar que é um corpo, você encontrará (ascribe) causas
para tudo. Eu não estou dizendo que as coisas não tem causas. Cada coisa tem causas
inumeráveis. É como é, porque o mundo é como ele é. Cada causa em suas
ramificações cobre o universo. Não há causas exceto sua ignorância de seu ser real, o
qual é perfeito e além da causação. Pois o que quer que aconteça, todo o universo é
responsável e você é a fonte do universo. (347)
Tudo o que acontece é a causa de tudo o que acontece. As causas são
inúmeras; a idéia de uma causa única é uma ilusão. (398)
6
Porque você fala de ação? Você alguma vez está em ação? Algum poder
desconhecido atua e você imagina que você está agindo. Você está meramente
assistindo o que acontece, sem ser capaz de influenciá-lo de nenhuma forma. (238)
Pare de imaginar a si mesmo como sendo ou fazendo isso ou aquilo, e a
realização de que você é a fonte e o coração de tudo se derramará sobre ti. (3)
O homem sábio não toma nada como sendo seu próprio. Quando em
algum tempo ou lugar algum milagre é atribuído a alguém, ele não estabelecerá
qualquer link causal entre eventos e pessoas, nem permitirá que qualquer conclusão
seja tirada. Tudo acontece como acontece porque tinha de acontecer; tudo acontece
como acontece porque o universo é como ele é. (270)
Você se imagina sendo e fazendo tudo idêntico. Não é assim. A mente e o
corpo movem-se e mudam e causam movimentos e mudanças em outras mentes e
outros corpos, e isso é chamado de fazer, de ação. Eu vejo que é da natureza da ação
criar outra ação, como fogo que continua queimando. Eu não ajo nem sou causa de
outros agirem; eu estou constantemente alerta do que acontece.(398)
Nada é feito por mim, tudo acontece simplesmente. Eu não espero, eu não
planejo, eu simplesmente assisto os eventos acontecendo, sabendo-os irreais.(191)
É como seu gravador. Ele grava, ele reproduz – tudo por si mesmo. Você
somente ouve. Similarmente, eu assisto a tudo que acontece, inclusive meu conversar
com você. Não sou eu quem conversa, as palavras aparecem em minha mente e então
eu as escuto sendo ditas. (433)
O que é feito é um fato, o fazedor é um mero conceito. Sua própria
linguagem mostra que enquanto o feito é certo, o fazedor é dúbio; alternar
responsabilidade é um jogo peculiarmente humano. Considerando a infindável lista de
fatores requeridos para que algo aconteça, só se pode admitir que tudo é responsável
por tudo, não importa quão remoto. O fazer é um mito nascido da ilusão do “eu” e do
“meu”. Eu não sinto que eu esteja falando. Há fala acontecendo, isso é tudo. Você
realmente fala? Você ouve a si mesmo falando e você diz: eu falo. Eu não tenho
qualquer objeção às convenções de sua linguagem, mas elas distorcem e destroem a
realidade. Um modo mais acurado de dizer seria: “Há fala, trabalho, ir e vir”. Para que
qualquer coisa aconteça o universo inteiro deve coincidir. É um erro acreditar que
qualquer coisa em particular possa causar um evento. Toda causa é universal. Eu estou
totalmente alerta de que as coisas acontecem como elas tem de acontecer porque o
mundo é como ele é. Para afetar o curso dos eventos, eu devo trazer um fator novo
para o mundo e tal fator só pode ser eu mesmo, o poder do amor e da compreensão
focalizado em mim. (389)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Meditacao - (Swami Dayananda Saraswati)

Hoje em dia, quando se diz que vai chover no final de semana, as pessoas dizem: “Oh! Más notícias”. Porém, se as chuvas não vierem nunca, você não terá um mau final de semana: terá um mau ano, sem água na torneira. Isso é um condicionamento. É assim que olhamos as coisas. Se isso sou eu, eu sou um sujeito tolo. As nuvens são nuvens, o que há de errado com elas? Cada uma delas está fazendo o seu papel. As leis meteorológicas funcionam: se a atmosfera estiver preparada, a chuva ocorrerá. Se você quer evitar a chuva, faça alguma coisa: pulverize alguma coisa nas nuvens que as faça desaparecer. Mas do que serve ficar reclamando? Se você acha que isso é uma coisa pequena, as coisas pequenas é que nos fazem. A vida é uma seqüência de coisas pequenas. Coisas grandes só raramente ocorrem. E quando elas ocorrem, você não está lá! Nós somos condicionados e reagimos às situações como autômatos. As pessoas dos meios de comunicação também são autômatos. E eles dizem exatamente como devemos proceder.

Meditação é somente você ser a pessoa que você é. Você é dotado de um corpo, de sentidos e de uma mente, que tem memórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de todos eles. Você é uma pessoa. Uma pessoa se torna uma personalidade por causa dos medos, ansiedades e muitos outros problemas. Raivas, invejas, inseguranças, tudo isso faz de uma pessoa uma personalidade. Tudo isso é criado por você mesmo. Na meditação você reduz todas as situações a simples fatos. Quando você aceita as situações, elas se tornam simples fatos para você. Quando rejeita as situações, você se torna uma personalidade. O fato é que você é uma pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objeto de seus sentidos, está o mundo. Quando você apenas vê fatos, você é uma pessoa que não exige nem necessita de coisa alguma. Quando você é uma pessoa que exige ou necessita de alguma coisa, nesse momento está interagindo com o mundo. Quando apenas aprecia o mundo, você é somente você mesmo, e o mundo é como ele é. Você não está exercendo papéis (1). O problema é que cada papel acumula resíduos. Portanto, você tem que neutralizar e remover esses resíduos, para você ser o que é e as coisas serem o que elas são. No processo da meditação os resíduos devidos aos papéis são neutralizados. Meditação é ser independente de papéis. Esse estado de não fazer papéis não é desconhecido para você. Quando olha para as estrelas de noite no céu, que tipo de pessoa você é? É uma pessoa que exige alguma coisa? É uma pessoa com raiva? “Que céu inútil!”. Você diz isso? Você é uma pessoa que quer que o céu seja diferente? Se for, seu problema é mais sério do que eu possa resolver (eu aceito minhas limitações...). Se o céu e as estrelas não evocam em você uma pessoa exigente, então você descobre que é uma pessoa não exigente e apreciativa. Você pode ser essa pessoa em relação a qualquer situação, porque qualquer situação é um fato tanto quanto o céu e as estrelas o são. Da mesma forma como você vê o céu e as estrelas, deve ver as nuvens e a chuva, os vales e as montanhas, os rios e os riachos, os lagos e as lagoas, uma árvore, um inseto ou uma flor. Isso deve ser uma atitude muito natural de sua parte. Se você aprecia essa bela pessoa, que é não exigente e apreciativa, você deve ser essa mesma pessoa em relação às pessoas e às coisas que lhe incomodam. Isso é meditação. Isso põe as coisas como elas são e você como você é. Vamos fazer isso agora.


Meditação conduzida por Swami Dayananda Saraswati

OM...

Sente de forma relaxada.
O relaxamento não é uma coisa física.
Você não faz nada para relaxar.
As pessoas ficam tensas para relaxar,
mas relaxar é somente uma atitude.

Você tem um encontro com você mesmo.
Não necessita de um amigo.
Não necessita de nenhuma fachada,
de nenhum fingimento,
e muito menos de nenhuma tensão.
Você vai ser apenas você mesmo.

Você não é
nem marido nem esposa,
nem mãe nem pai,
nem doutor nem filho,
nem tio nem primo,
nem vizinho nem amigo,
nem empregado nem empregador...
Você é somente uma pessoa.

Você não é
nem pobre nem rico,
nem velho nem moço,
você é somente uma pessoa.
E, portanto, apenas relaxe.

Assim como você está,
sem nenhuma mudança de sua parte,
você pode descobrir a você mesmo
como uma pessoa que é livre,
que é simples
e que não é uma personalidade.

Visualize mentalmente o céu, à noite,
limpo, claro, e as estrelas.
Ao ver o céu e as estrelas,
você se vê em relação a eles
como uma pessoa que não está exigindo nada.
Você não deseja que o céu seja diferente,
ou que as estrelas sejam diferentes.

Veja você mesmo como é, o que você é.
Não vê que é uma pessoa simples,
consciente e apreciativa...
Isso é o que você é.
Você pode ser essa pessoa em relação a qualquer situação.

Se essa pessoa deseja, ela é criativa.
Se essa pessoa delibera, questiona,
o questionamento em si é fascinante.

É essa pessoa que se torna amorosa em relação a alguém.
Se esse alguém merece compaixão,
o amor se torna compaixão,
porque essa pessoa não está condicionada por gostos e aversões.

Essa é uma pessoa simples, amorosa,
que se torna compassiva, compreensiva, prestativa, generosa,
e naturalmente de acordo com a situação.

Em meditação, tudo o que você faz
é reduzir os fatos aos fatos.

Você é uma pessoa consciente, apreciativa
em relação ao céu e às estrelas.

Da mesma forma pense sobre o Sol,
seja um Sol quente ou um Sol poente.
Você não tem reclamação a fazer pelo que ele é.
Seja o Sol de verão, seja o de inverno,
aceite o Sol como ele é.
Se não suportar o calor, vá para um lugar fresco,
mas aceite o Sol como ele é.

Da mesma forma em relação aos vários planetas,
você não tem reclamação a fazer.
Júpiter, Mercúrio, Marte, Vênus, Saturno...
Tome esses planetas como eles são.

Visualize um grupo de nuvens.
Você é apenas uma pessoa
que aprecia o fato de que há nuvens.
Agora está chovendo.
Aceite a chuva como ela ocorre.

Olhe para a Terra.
O fato de ser um globo não incomoda você.
Por ela estar inclinada a se mover ao redor do Sol,
você não tem reclamação a fazer.

Por ter oceanos e continentes,
por ter montanhas e vales,
por ter rios e riachos,
por ter lagos e lagoas
e por ter florestas e desertos,
você não tem reclamação a fazer.

Na Terra existem plantas, árvores e trepadeiras,
flores e frutos, hortaliças e legumes.
Alguns você pode gostar, outros não.
Veja aqueles de que não gosta como simples vegetais.
Aquelas frutas de que você não gosta, tome-as como simples frutas.

Se você tem uma casa com um gramado,
a grama é o que você deseja,
e as outras plantas você chama de ervas daninhas.
Você tem raiva delas.
Mas não, não são ervas daninhas. São apenas plantas.

Se você criasse capim, a grama seria erva daninha.
Se você quiser, pode removê-las,
mas que não haja raiva de sua parte.
Tome-as como elas são.

Da mesma forma em relação aos animais.
Os animais selvagens e domésticos,
os carnívoros e os herbívoros,
as diversas variedades de animais,
incluindo os insetos,
tome-os todos como eles são.
Se você despreza algum deles,
se você não gosta de algum deles,
traga esse animal à sua mente.
Olhe para ele. Tome-o como ele é.
Você não pode ter raiva de um mosquito ou mosca.
Eles são como são.
São feitos para agir como agem.

Faça o que deve ser feito para evitá-los,
para mantê-los longe,
e até mesmo para eliminá-los,
se são prejudiciais à sua saúde,
mas não tenha raiva.
Tome-os como eles são.

Da mesma forma, olhe para a humanidade.
Que variedade de seres humanos nós vemos!
Há diferentes raças: a mongólica, a negra,
a branca, a mestiça, como temos aqui...
Cada raça tem traços peculiares.
Tome-as todas como elas são.
Olhe as maneiras de vestir e os modos de vida,
as comidas e os hábitos de comer,
as formas de música e de dança,
as várias línguas e dialetos,
as diferentes religiões e seus conceitos de Deus,
as formas de oração e culto, mesmo as cerimônias estranhas,
e tome-as todas como elas são.
Se você quiser, se estiver convencido
de que elas podem ser melhoradas de alguma forma,
então faça o que deve ser feito,
mas tome-as todas como elas são.
Elimine totalmente de sua cabeça as zombarias étnicas.

Olhe para o seu próprio país e as diferentes pessoas.
Tome-as todas como elas são.
Os brancos, os mulatos, os negros...
Tome-os todos como eles são.
Se você pode ajudar uma determinada comunidade,
faça o que puder para ajudar para melhorar sua saúde e bem-estar,
mas tome-os como eles são.

Tome as pessoas como elas são.
Se você não gosta ou despreza alguém pela sua cor, etc.,
traga essa pessoa à sua mente.
Veja essa pessoa como ela é,
sem desprezo, sem desgosto,
e apenas aprecie a pessoa como ela é.
Você tem que se descondicionar.
Tem que ser uma pessoa, não uma personalidade.
Você não é uma personalidade, é uma pessoa.

O governo, tome-o como ele é.
Não tenha raiva pela sua política.
Se quiser, tente modificar o governo.
Não tem nenhum sentido reclamar consigo mesmo e não fazer nada.
As pessoas que comandam o governo também são como você.
Elas fazem o que podem.
Se são incapazes... bem, são incapazes.
Se você é capaz, faça alguma coisa.
Se você acha que alguma política melhor pode ser iniciada,
faça o que puder.
Pelo menos escreva uma carta para o seu jornal.
Tudo o que eu digo é: aja! Faça o que puder!
Mas não deixe que eles criem em você a reação
de raiva, frustração e desespero.

As pessoas com quem você trabalha,
tome-as todas elas como são.
Se há uma pessoa ou pessoas que lhe perturbam,
que lhe fazem ficar com raiva...
bem, tome essas pessoas como elas são.
Se você não é compreendido por elas ou não as compreende,
tente se fazer entender ou tente compreendê-las.
Lembre-se de que cada um tem uma mente,
e cada um segue os ditames de sua mente.
Você pode reprogramar a pessoa, pode mudar a pessoa,
mas você pode não ter a habilidade para fazer isso.
Portanto, tome as pessoas como elas são e faça o que puder.
Cada um tem suas limitações, cada um tem suas virtudes.
Se acha que é impossível trabalhar nesse lugar,
procure outro emprego, mas aceite as pessoas como elas são.

Olhe para seus pais.
Seu pai, aceite essa pessoa como ela é.
Sua mãe, aceite essa pessoa como ela é.
Suas limitações, suas virtudes,
tome-as todas como elas são.
Por trás de suas exigências existe sempre um amor.
Um amor que deseja,
que deseja que você seja grande, que seja alguma coisa.
Eles têm um ideal de você:
que você seja grande à sua própria imagem.
Bem, eles são humanos. Portanto, aprecie o seu amor.
Você descobrirá que não tem nada contra eles, mas é grato a eles.
Pelo menos há pessoas na vida que se preocupam com o seu bem-estar.
Tome-os como eles são.
Se pode comunicar-se com eles, comunique-se.
Se quiser que haja alguma mudança em seus valores,
por favor tente mudá-los,
mas tome-os como eles são.

Olhe para seu parceiro na sua vida,
tome essa pessoa como ela é.
Sua aparência, sua capacidade, suas habilidades,
suas emoções, seu conhecimento, sua história...
Tome essa pessoa como ela é.
Aqui está uma pessoa com quem você partilha a sua vida.
Não é importante que você a tome como ela é?
Pode haver uma vida feliz se a pessoa não é
tomada como ela é?

Quando você exige, você não compreende.
Quando rejeita, também não compreende.
Tome a pessoa como ela é, e descobrirá
que você tem todo o amor para compreender.
Nessa aceitação você descobrirá
que tem uma atmosfera de amor
na qual todas as mudanças,
e mudanças miraculosas, são possíveis.

Seus filhos, olhe para eles como pessoas independentes.
Eles não são como suas mãos e pernas. Não são parte de você.
Cada um é uma pessoa independente,
com corpo, mente e alma.
Portanto, olhe para eles como pessoas independentes
que estão crescendo sob seu amor, cuidado e orientação.
Tome-os como eles são e faça o que deve ser feito.

Tome o seu físico como ele é.
A altura do corpo, não há nada de errado nela.
O peso do corpo, não há nada de errado nele.
Se você quer reduzí-lo, faça alguma coisa para isso,
mas aceite o corpo como ele é.
A cor do corpo,
homem ou mulher,
jovem ou velho,
tome o corpo como ele é.
Não existe o que pode ser chamado de corpo bonito ou feio.
Existe apenas um corpo vivo ou um corpo morto.
E você tem um corpo vivo.
Se ele não é saudável, faça-o saudável.
Faça o que puder, mas não existe um corpo feio.
Aceite isso. Aceite o corpo como ele é.
Seja feliz, pois você tem um corpo vivo.

Aceite a mente. Seus humores, suas mudanças,
suas raivas, invejas e ciúmes...
apenas aceite a mente como ela é.

Seu conhecimento, suas limitações... aceite-as.
Aprenda. Continue aprendendo.

Suas memórias, tome-as como elas são.
Que não haja nenhuma memória passada que lhe incomode.
Traga todas as memórias desagradáveis,
uma depois da outra, e olhe-as de frente.
Então, aceite a sua ignorância e continue aprendendo.

Você é consciente da ignorância, das memórias, do conhecimento,
da mente e de seus condicionamentos,
dos sentidos, do corpo, do mundo...
Essas palavras são o mundo para você agora.
Você está frente ao mundo das palavras.
Essas palavras são ouvidas em você, consciência.
Essas palavras não perturbam a você, consciência.
Você não vê que é uma pessoa simples e consciente,
ou uma pessoa que é simplesmente consciência.
Livre da culpa é você, consciência.
Livre de mágoa é você, consciência.
Não vê que é uma pessoa que é simplesmente consciência?
Não vê que consciência e silêncio são idênticos?
Não vê que as palavras que ouve agora
não perturbam a consciência e muito menos o silêncio?

Você é, na verdade, o silêncio.
Esteja a mente pensando ou não, você é silêncio.
Isso é diferente de um silêncio
que é uma trégua entre duas agitações.
Você é silêncio porque é consciência.

OM... OM... OM...

Quando escuta esse som você é consciência, silêncio.
Quando não escuta esse som, você é consciência, silêncio.

OM... OM... OM...

Essa meditação na vida diária

Todos os dias, antes de ir para a cama, faça essa meditação. Ela neutralizará os problemas do dia. Também poderá começar o dia com ela, se tiver tempo. Mas tenha certeza de terminar o dia com essa meditação. Dessa forma, não haverá resíduos. Os problemas do dia serão neutralizados antes de você ir para a cama. Você irá para a cama como uma pessoa, não como uma personalidade. Levantar-se-á como uma pessoa, não uma personalidade.


(1) Referência aos diversos papéis que a pessoa tem na sociedade: pai, filho, amigo, empregado, patrão, etc. (Nota do Tradutor)

O texto acima pode usar-se como modelo de elocução. Você estuda a técnica e grava a sua própria voz, lendo pausadamente.

Outra opção é fazer pequenos grupos de meditação com seus amigos, onde cada um pode usar os textos como orientação para dar a prática para os outros.

Se você for professor de Yoga, poderá igualmente usar essa prática nas suas aulas, tomando o cuidado de escolher a técnica mais adequada para cada pessoa ou grupo.